Bosque da Copel: parte de área verde famosa em Curitiba é vendida e gera preocupação de moradores sobre preservação
Segundo Copel, espaço no bairro Bigorrilho foi vendido em setembro de 2024. Agora, moradores tentam entender o que acontecerá com a área. Bosque está dentro de área verde maior, que está dividida em quatro lotes.
O futuro de uma área do chamado Bosque da Copel, localizado no bairro Bigorrilho, em Curitiba, virou motivo de preocupação entre moradores e autoridades públicas após a informação de que um pedaço da área de mata nativa foi vendida pela Companhia Paranaense de Energia (Copel).
O bosque está dentro de uma área conhecida na capital e que é dividida em quatro lotes, com diferentes proprietários. O Bosque da Copel, conforme levantamento feito pela vereadora Laís Leão (PDT), ocupa uma área de 47 mil metros quadrados. A área verde total na região tem 93 mil metros quadrados.
A Copel confirma a venda de uma área do bosque, mas não revela o tamanho do espaço comercializado, o comprador, nem o futuro do local.
Nesta sexta-feira (17), moradores da região se reuniram em uma das entradas do terreno para tentar entender o que vai acontecer com a área.
A moradora Raquel Oliveira Haag contou à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que os vizinhos receberam a informação de que a área preservada foi vendida para a construção de um mega empreendimento imobiliário, com 21 prédio residenciais.
Em nota, além de confirmar a venda de parte do bosque, a Copel destacou que uma área próxima, onde está localizado o “Chapéu Pensador”, não pertence à companhia e é propriedade da Prefeitura de Curitiba, logo, não foi comercializada.
Segundo a empresa, a área vendida está sob responsabilidade do novo dono, que deve atender à legislação urbanística e ambiental do município para fazer qualquer tipo de empreendimento. Até o momento, a área ainda não foi transferida, de acordo com documentos da prefeitura.
BUROCRACIA ENVOLVENDO A ÁREA
Uma consulta informativa do terreno, disponível no site da prefeitura, aponta que a área possui quatro Indicações Fiscais (IFs). Segundo o Poder Executivo, o espaço onde está o Chapéu Pensador não tem nenhuma previsão de corte de árvores. Até o momento, também não há protocolo em tramitação na Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) referente à construção de edificações nas demais áreas, conforme apuração da RPC.
No caso do lote vendido, que fica próximo à Rua Coronel Joaquim Ignácio Taborda Ribas, há permissão para construção, desde que seja respeitada a legislação ambiental vigente, podendo receber edifícios de até seis andares.
A arquiteta Cecília Maria Paula de Oliveira, que integra o grupo de moradores preocupado com o futuro do bosque, fez um levantamento das informações para esclarecer o grupo sobre o que pode ser construído na área.
NO PASSADO, ÁREA VENDIDA QUASE VIROU RESERVA AMBIENTAL
A parte do bosque que pertencia à Copel foi vendida em setembro de 2024. Antes disso, em 2018, o então prefeito Rafael Greca e o Governo do Paraná, na gestão de Cida Borghetti, firmaram um protocolo de intenções para criar uma Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM) no Bosque da Copel. Uma cerimônia chegou a ser realizada no Chapéu Pensador e contou com a presença de autoridades da Copel e do poder público.
Na época, Greca destacou que o bosque ajudava a reduzir o impacto das construções e do tráfego, além de contribuir para a regulação hídrica e térmica da região. A criação formal da reserva, entretanto, não se concretizou.
O DE procurou o Governo do Paraná e a Prefeitura de Curitiba para comentarem a não transformação do espaço em área Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
SUGESTÃO DE RECUPERAÇÃO DA ÁREA
A vereadora Laís Leão (PDT) protocolou, nesta sexta-feira (17), uma sugestão à prefeitura para que a área restante seja transformada em reserva ambiental e patrimônio ecológico do município.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) informou que instaurou um processo administrativo no âmbito da 2ª Promotoria de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente e que o procedimento está sob análise do Promotor de Justiça.




