Fim do motorzinho? Pesquisadores usam superlaboratório para desenvolver solução
que trata cárie sem dor
Nanopartículas de prata 50 mil vezes mais finas do que fio de cabelo agem sobre
as infecções e dispensam o uso de brocas; segundo dentista de Campinas (SP) que
testa o produto, além de indolor, vantagem está na precisão do tratamento.
Pesquisadores utilizam o superlaboratório Sirius, em Campinas (SP), como parte do
desenvolvimento de um produto que elimina o motorzinho no tratamento de cárie. A
solução usa nanopartículas de prata para atacar e eliminar bactérias sem dor –
entenda, abaixo, como funciona.
O projeto de uma startup formada por pesquisadores da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) foi escolhido por um programa de aceleração tecnológica do
Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
É com o acelerador de partículas que os pesquisadores observam como
nanopartículas de prata que são 50 mil vezes mais finas do que um fio de cabelo
agem sobre as infecções dentárias e aprimoram a precisão do produto.
Como funciona? Quando a cárie aparece, bactérias ficam fixadas e se espalham
por estruturas dos dentes. As nanopartículas do metal entram na dentição, grudam
nas bactérias e rompem membranas impedindo o funcionamento de células
bacterianas. Isso interrompe o crescimento da cárie e forma uma barreira de
proteção.
“Nós desenvolvemos uma formulação que possibilita tratar a cárie sem precisar
usar broca, sem precisar de anestesia, de uma forma completamente indolor. Já
testamos isso com grande eficiência em mais de 3 mil crianças. Realizamos três
ensaios clínicos e os resultados são excelentes”, afirma André Galembeck,
pesquisador em nanotecnologia.
A solução que elimina o uso da broca é testada de forma experimental em um
consultório de Campinas.
“Eu acho muito melhor porque eu não sinto nada e é muito mais fácil do que na
broca, né? Porque a broca dói, tem todos os perrengues”, diz o estudante
Miguel Máximo.
Segundo a ortodontista Daniela Arruda, a vantagem do produto em relação ao
tratamento convencional é a maior precisão no combate à cárie, preservando áreas
do dente não atingidas pelas bactérias.
O trabalho no Sirius auxilia no desenvolvimento de um novo produto para prevenir
o surgimento de infecções. A ideia é criar uma condição na estrutura do dente
que dificulte a adesão pelas bactérias.
E os testes são fundamentais para atestar a segurança antes da produção
comercial.
“Aqui na linha permite que eles tenham informações seguras para disponibilizar
esse produto para a sociedade. Eles vão entender muito bem esse mecanismo de
crescimento, o mecanismo de qualquer risco que possa fornecer para a sociedade.
Estudar esse produto em diversas fases antes de soltar para a população deixa o
projeto com mais confiança”, destaca Ohanna Costa, pesquisadora do CNPEM.




