Caminhão de lixo movido a lixo: Comlurb testa sistema circular que usa biometano
feito com resíduos para abastecer veículos de coleta
Sete carretas que levam lixo orgânico para o Centro de Tratamento de Resíduos,
em Seropédica, usam combustível renovável.
Lixo pode virar combustível?
Desde o início de outubro, sete carretas da Comlurb, empresa de limpeza urbana
do Rio, começaram a rodar movidas a biometano — combustível renovável produzido
a partir do gás gerado pelo próprio lixo que transportam.
Os veículos fazem o trajeto diário até o Centro de Tratamento de Resíduos (CTR),
em Seropédica, na Baixada Fluminense, onde os resíduos orgânicos são transformados em energia
limpa.
O biometano é obtido a partir do biogás liberado na decomposição de restos de
comida, cascas de frutas, folhas, galhos, esterco e outros dejetos. No CTR, esse
gás é purificado e convertido em combustível, que depois abastece as mesmas
carretas responsáveis pelo transporte do lixo — criando um sistema de economia
circular.
REDUÇÃO DE ATÉ 99% DAS EMISSÕES
As novas carretas foram entregues pela Ciclus Ambiental, empresa que administra
o aterro e é responsável pela destinação final dos resíduos sólidos urbanos da
cidade. Segundo a companhia, o uso do biometano reduz em até 99% a emissão de
gases do efeito estufa.
“Foram disponibilizadas sete carretas movidas a biometano para um teste inicial.
A partir dos resultados dessa fase, a Ciclus avaliará a ampliação gradual do uso
da tecnologia para toda a frota que atende a Comlurb, que hoje está em cerca de
100 carretas”, afirmou Jorge Arraes, presidente da Comlurb.
O projeto prevê a substituição progressiva do diesel pelo combustível renovável,
sem aumento significativo de custos.
De acordo com Bruno Muehlbauer, diretor-presidente de Resíduos da Ciclus
Ambiental, o valor do biometano é próximo ao do diesel, mas o impacto ambiental
é muito menor.
“Cada carreta deixa de consumir entre 5,5 mil e 6 mil litros de diesel por
mês. O principal ganho é ambiental: ao trocar o combustível fóssil por um
renovável, reduzimos cerca de 99% das emissões de carbono”, destacou
Muehlbauer.
MAIS DE 10 MIL TONELADAS DE LIXO POR DIA
O CTR de Seropédica recebe diariamente mais de 10 mil toneladas de resíduos
enviados de cinco estações de transferência da Comlurb no Rio.
No aterro, o gás resultante da decomposição da matéria orgânica é capturado por
drenos verticais, tratado e convertido em biometano. São produzidos, em média,
130 metros cúbicos de combustível por dia, utilizados tanto em indústrias quanto
no abastecimento de veículos.
“Usar o biometano para abastecer as próprias carretas que transportam o lixo é
como coroar o projeto. Fechamos o ciclo da economia circular, com redução real
das emissões e aproveitamento integral do que antes era descartado”, completou
Muehlbauer.




