O jogo “Silent Hill f” assusta com terror psicológico na medida certa, mas os combates frustram. Com cenário no Japão dos anos 60 e foco nos traumas da protagonista, o jogo renova a série e traz quebra-cabeças que exigem ficar de olho em todas as pistas. O horror japonês é um dos estilos mais assustadores da cultura pop, e ambientar um vilarejo estranho no Japão da década de 1960 é um dos grandes acertos de “Silent Hill f”. No entanto, os combates com armas improvisadas acabam tornando muitos momentos monótonos e frustrantes.
Lançado para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC no final de setembro, o jogo representa uma mudança bem-vinda na franquia. A protagonista, Hinako, uma estudante do Ensino Médio, luta contra criaturas bizarras e seus próprios traumas, abandonando o uso de armas de fogo e optando por objetos do ambiente. A essência psicológica da personagem é o que conduz a trama e torna a experiência interessante, como já ocorre há quase 30 anos desde o primeiro jogo da série.
Os monstros de “Silent Hill f” são assustadores, inspirados em temas como inveja, cobiça e vaidade, exigindo que o jogador tenha estômago forte. A ambientação claustrofóbica, com detalhes de altíssima qualidade, mantém a atmosfera de medo constante. Barulhos estranhos, vultos e seres bizarros surpreendem o jogador, criando uma experiência imersiva e aterrorizante do início ao fim.
Apesar da atmosfera e da narrativa de alto nível, o ponto fraco do jogo é o sistema de combate. Os combates são lentos e geram mais frustração do que tensão, com ataques fracos e fortes, esquiva limitada e itens que quebram facilmente, tornando as batalhas tediosas. As batalhas contra chefes são desafiadoras, exigindo reflexos rápidos e estudo dos padrões de ataque das criaturas, mas o combate comuns deixa a desejar.
Os quebra-cabeças são um dos pontos altos do jogo, exigindo interpretação de documentos e lendas locais para encontrar soluções. A imersão proporcionada pela narrativa e pelo ambiente opressor é inegável, mantendo o jogador tenso e engajado. No entanto, a experiência é prejudicada pelo sistema de combate lento e frustrante, que quebra o ritmo e transforma momentos de medo em aborrecimento.
“Silent Hill f” resgata a essência do horror psicológico japonês, com uma trama focada nos traumas de uma adolescente e quebra-cabeças inteligentes. A imersão proporcionada pelo ambiente e pela narrativa mantém o jogador tenso durante a maior parte do tempo, apesar das falhas no sistema de combate. O jogo brilha em seus momentos de exploração e horror atmosférico, mas tropeça quando exige ação direta do jogador, prejudicando a experiência como um todo.