O Rio de Janeiro é responsável por desperdiçar mais de 2,5 milhões de toneladas de materiais recicláveis por ano, resultando em uma perda de aproximadamente R$ 2,6 bilhões em insumos. Essa quantidade de resíduos poderia ser reaproveitada para retroalimentar a indústria, gerar renda e empregar milhares de pessoas. No entanto, apenas 1,5% dos oito milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos gerados anualmente no estado é coletado de forma seletiva, de acordo com o Mapeamento dos Recicláveis Pós-Consumo no Estado do Rio de Janeiro, produzido pela Firjan.
Apesar dos números absolutos terem melhorado ao longo dos anos, ainda é evidente a falta de capacidade para coletar e destinar corretamente os recicláveis, o que resulta em um enorme prejuízo para o estado. Uma das principais questões é a informalidade no encadeamento produtivo entre as cooperativas de catadores e as indústrias recicladoras. Muitos intermediários atuam de forma informal, dificultando a relação com as grandes indústrias que buscam fornecedores formais, com escala e documentação adequada.
A falta de políticas públicas para incentivar a reciclagem no Rio de Janeiro tem impactado negativamente o setor, que já emprega cerca de 47 mil pessoas de forma direta no estado. A importação ilegal de produtos reciclados, apesar da proibição, acaba desestimulando a indústria local, tornando-a menos competitiva no mercado. Além disso, a carga tributária elevada paga pelo setor de reciclagem também afeta sua sustentabilidade e competitividade.
As cooperativas de catadores desempenham um papel fundamental na reciclagem de materiais no estado do Rio de Janeiro, sendo responsáveis pela coleta e separação de diversos materiais, como latas de alumínio, garrafas PET e papelão. No entanto, essas cooperativas enfrentam desafios como a falta de reconhecimento e apoio adequado, o que impacta diretamente em sua capacidade de atuação e crescimento.
Para incentivar e fortalecer o setor de reciclagem no estado, são necessárias políticas públicas eficientes que promovam a conscientização da população sobre a importância da reciclagem, além de incentivos fiscais e capacitação para os profissionais do setor. A realização de estudos para entender a realidade dos catadores e das cooperativas de reciclagem, como o programa Recicla RJ em parceria com a UFRJ, é fundamental para orientar a elaboração de políticas assertivas e investimentos na área.
Em meio ao aumento na produção de lixo no estado, é urgente que sejam adotadas medidas para ampliar a coleta seletiva e o reaproveitamento de materiais recicláveis. Com o potencial de gerar empregos, renda e investimentos significativos na cadeia produtiva, a reciclagem se mostra como uma importante alternativa para promover a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico no Rio de Janeiro.