Como alta nas mortes por gripe em Campinas está ligada ao clima e à baixa adesão à vacina

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Frio, tempo seco e baixa adesão à vacina: o que explica alta nas mortes por gripe em Campinas

Cidade chegou a 57 óbitos em 2025, aumento de 90% em relação ao ano anterior. Coordenadora da Vigilância Epidemiológica aponta fatores para a alta e reforça importância da imunização.

Aplicação da vacina contra a gripe em posto de saúde de Campinas (SP): doses disponíveis para toda população acima dos seis meses de idade — Foto: Ricardo Custódio/EPTV

A Secretaria de Saúde de Campinas (SP) confirmou, nesta terça-feira (21), mais duas mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo vírus influenza, um dos causadores da gripe. Com isso, são 57 óbitos pela doença, volume 90% maior que o registrado em todo o ano de 2024.

Mas o que explica essa alta? Daiane Morato, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, pontua que o inverno mais rigoroso, períodos de frio fora de época, como o registrado nesta semana, tempo seco e baixa adesão a vacina são fatores que contribuem para o aumento de casos graves e risco de morte.

Entre esses fatores, o único que é de governança da saúde é a vacina. “A gente já tem identificado que essas alterações climáticas, que passam a fazer cada vez mais parte do nosso dia a dia, com certeza tem impacto. Mas vamos insistir para que as pessoas procurem pela vacina, que está disponível, é segura, tem evidências comprovadas de anos, do quanto ela diminui a forma grave da doença, dos quadros com necessidade de internação e evolução para o óbito”, destaca Daiane.

Dos 57 óbitos registrados desde janeiro em Campinas, 47 foram de pessoas que não receberam a vacina (82,4%). Isso representa que 8 em cada 10 pessoas que morreram por SRAG provocada pelo vírus da gripe não tomaram o imunizante, que segue disponível nos centros de saúde do município. Entre os outros dez moradores que morreram por complicações da gripe, dois apresentaram sintomas antes do período necessário para a vacina garantir a proteção ideal, que é de 15 dias após a aplicação.

Segundo Daiane, há um trabalho intenso para aumentar a cobertura vacinal desde o início da campanha, em abril. “A gente tem um calendário vacinal no Brasil que é espelho e exemplo para muitos lugares do mundo. As nossas vacinas passam por um processo de qualidade, durante toda a cadeia de rede de frio, até chegar na unidade básica e ser ofertada à população. Temos trabalhado essas questões para, de repente, quebrar algum tabu que possa estar existindo ainda”, diz a coordenadora.

A Secretaria de Saúde informou que aplicou 360.313 doses da vacina até 1º de outubro. “Idosos, crianças de 6 meses a 5 anos e gestantes, que são público-alvo, receberam 163.261, enquanto que outras 197.052 foram direcionadas para demais grupos prioritários e a população em geral.”

Grupos prioritários: Idosos (60 anos ou mais), Crianças de 6 meses a 5 anos, Gestantes, Puérperas, Pessoas com doenças crônicas, Povos indígenas, Quilombolas, Pessoas em situação de rua, Trabalhadores da saúde e da educação, Profissionais das forças de segurança e salvamento, Profissionais das Forças Armadas, Pessoas com deficiência permanente, Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo, Trabalhadores portuários, Trabalhadores dos Correios, População e funcionários do sistema de privação de liberdade, Adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos).

Estes grupos incluem 494,3 mil pessoas, segundo estimativa atualizada pelo Ministério da Saúde em maio deste ano. Campinas registra dia mais frio de outubro desde 2016 – A cidade registrou 30 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo vírus influenza em 2024. “A gente teve períodos de maior circulação de vírus causadores da gripe. Um ano mais frio do que os outros anos, muitos dias de muito frio e tempo seco, o que favorece a circulação de vírus respiratórios, de maneira geral”, pontua a coordenadora da Vigilância Epidemiológica.

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