Homem de 57 anos contrai botulismo no DF ao consumir pimenta em conserva: terceiro caso em 18 anos. Recuperação em casa.

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Homem de 57 anos tem botulismo no DF após comer pimenta em conserva

Caso foi confirmado pela Secretaria de Saúde, e é apenas o terceiro em pelo
menos 18 anos. Paciente ficou 18 dias internado e se recupera em casa.

O Distrito Federal registrou um caso confirmado de botulismo, neste mês, em um
homem de 57 anos.

Segundo a Secretaria de Saúde, o paciente foi contaminado depois de consumir uma
conserva de pimenta.

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A presença da bactéria Clostridium botulinum no paciente foi confirmada após
exames laboratoriais.

O paciente já recebeu alta hospitalar e segue em recuperação domiciliar, com
acompanhamento especializado.

Segundo a Secretaria de Saúde, as unidades de saúde do DF foram alertadas para
observarem o possível surgimento de outros casos. Até esta terça-feira (21), não
há novos relatos de casos suspeitos.

CONSERVA DE PIMENTA CONTAMINADA

Segundo o relato de um parente, publicado em uma rede social, a pimenta em
conserva foi presente de um amigo – e usada para temperar um caldo de mandioca.

Na mesma madrugada, o paciente começou a passar mal com vômitos e muita dor no
estômago.

No dia seguinte, o homem relatou “visão dupla” e “embaçada”, além de tontura e
sintomas mais intensos. Três dias depois, o paciente teve de ser internado em
uma UTI.

Segundo o relato, a suspeita inicial era de algum problema psicológico. Os
filhos do homem não aceitaram o “diagnóstico” e procuraram um novo hospital.

Lá, o caso foi tratado, primeiramente, como miastenia – um tipo de debilidade
muscular. Em conversa com a família, o médico suspeitou de botulismo e acionou o
Ministério da Saúde.

A antitoxina usada para combater o botulismo só foi ministrada no sexto dia após
o início dos sintomas. O homem permaneceu no hospital por 18 dias, sendo 9 deles
na UTI.

CASOS NO BRASIL E NO DF

A Secretaria de Saúde informou ao DE que, entre 2007 e
2023, foram confirmados 103 casos da doença no Brasil.

Em 2024, foram sete casos.

No DF, de 2007 a 2023 foram notificados 11 casos suspeitos de botulismo, dos
quais, apenas dois foram confirmados – um em 2019 e um em 2022. Nenhum dos
pacientes foi a óbito.

A paciente que sofreu com a doença em 2022 é Doralice Goes. Ela foi contaminada
ao consumir um molho pesto, comprado em uma feira em Brasília.

> “Vivi o inimaginável. Um ano de UTI tetraplégica total, respirando por
> aparelhos durante nove meses. Perdi todos os movimentos do corpo. Fiz
> hemodiálise por dois meses e meio, me alimentei por sonda, urinei por sonda,
> tive dores fortes e me reinventei aos 45 anos. Aprendi a respirar, comer,
> falar, ficar em pé, andar e sobretudo a seguir em frente com dificuldades”,
> afirma.

BOTULISMO

Botulismo é uma doença neuroparalítica causada pela ação de uma potente toxina
produzida pela bactéria Clostridium botulinum (C. botulinum). A doença é grave,
rara, não contagiosa e pode levar à morte por paralisia da musculatura
respiratória.

A bactéria causadora do botulismo produz esporos que sobrevivem até em ambientes
com pouco oxigênio, como em alimentos em conserva ou enlatados. Ela produz uma
toxina que, mesmo se ingerida em pouquíssima quantidade, pode causar
envenenamento grave em questão de horas.

Os esporos desta bactéria existem na natureza, como em solos e sedimentos de
lagos e mares. Eles também estão presentes na água não tratada e em produtos
agrícolas, como legumes, vegetais e mel, e em intestinos de mamíferos, peixes e
vísceras de crustáceos.

A bactéria entra no organismo por meio de ferimentos ou pela ingestão de
alimentos contaminados que não têm produção e/ou conservação adequada.

O Botulismo apresenta três formas: alimentar, por ferimentos ou intestinal. A
forma alimentar é a mais comum, e ocorre por ingestão de toxinas em alimentos
contaminados e que foram produzidos ou conservados de maneira inadequada.

Os alimentos mais comumente envolvidos são:

* Conservas vegetais, principalmente as artesanais (palmito, picles, pequi)
* Carnes cozidas, curadas e defumadas de forma artesanal (salsicha, presunto,
carne frita conservada em gordura – “carne de lata”)
* Pescados defumados, salgados e fermentados
* Queijos e pasta de queijos
* Raramente, alimentos enlatados industrializados

O período entre a contaminação e o início dos sintomas pode variar de 2 horas a
10 dias, com média de 12 a 36 horas. Quanto maior a concentração de toxina no
alimento ingerido, menor o período de incubação.

SINTOMAS

Os sintomas da doença variam de acordo com o tipo de infecção. Os mais comuns
são:

* Dores de cabeça;
* Vertigem;
* Tontura;
* Sonolência;
* Visão turva; visão dupla;
* Diarreia;
* Náuseas, vômitos;
* Prisão de ventre;
* Dificuldade para respirar;
* Infecções respiratórias;
* Paralisia da musculatura respiratória, de braços e pernas;
* Comprometimento de nervos cranianos.

Ao apresentar os sintomas após ingestão de algum alimento suspeito, é
recomendado procurar imediatamente uma unidade de saúde hospitalar.

O tratamento imediato reduz significativamente o risco de morte do paciente e é
baseado em suporte das funções cardíacas e pulmonares e em medidas específicas
para eliminar a toxina e o bacilo, com o uso do soro antibotulínico (SAB) e de
antibióticos.

MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE

De acordo com a Secretaria de Saúde, a melhor prevenção está nos cuidados com o
consumo, distribuição e comercialização de alimentos, além da higiene com os
alimentos e mãos:

* Evitar a ingestão de alimentos em conserva que estiverem em latas estufadas,
vidros embaçados, embalagens danificadas ou com alterações no cheiro e na
aparência;
* Produtos industrializados e conservas caseiras que não ofereçam segurança
devem ser fervidos ou cozidos por, pelo menos, 15 minutos antes de serem
consumidos – altas temperaturas podem eliminar as toxinas do botulismo;
* Não conservar alimentos a uma temperatura acima de 15ºC;
* Ao preparar conservas caseiras devem ser obedecidos, rigorosamente, os
cuidados de higiene;
* Ao consumir alimentos preparados fora de casa, certificar-se de que as
medidas de higiene foram adotadas pelo estabelecimento ou vendedor;
* Lavar sempre as mãos;
* O mel é um dos alimentos mais perigosos se for malconservado. Nunca dê mel
para uma criança com menos de um ano de idade.

Todas as formas de botulismo podem matar, se não tratadas adequadamente, e são
consideradas emergências médicas.

Por isso, com a presença de qualquer sintoma é essencial procurar ajuda médica
imediata.

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