Língua Kaingang: A mais falada entre indígenas no RS e 4ª no Brasil

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A língua Kaingang é a mais falada entre os povos indígenas no Rio Grande do Sul, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Brasil, é a 4ª língua indígena mais falada. A etnia Kaingang também aparece como a 5ª mais populosa do país, com 45.840 pessoas.

A cacica Iracema Gãh Té, da Retomada Kaingang Gãh Ré, no Morro Santana, em Porto Alegre, defende o reconhecimento da língua Kaingang na educação. “É o primeiro dialeto que já estava aqui no Rio Grande do Sul. Mas nunca foi reconhecido. Se fosse, teria disciplina sobre isso”, afirma. Ela relata dificuldades enfrentadas por indígenas que desejam ingressar no ensino superior, como a necessidade de realizar provas em idiomas estrangeiros, como inglês e espanhol, em vez de avaliações em sua língua materna.

Iracema também aborda a discriminação enfrentada pelos indígenas no processo de transmissão da língua Kaingang entre gerações: “Os pais evitam falar por causa da discriminação. Na escola, os coleguinhas riem, caçoam, ofendem. Daí eles evitam falar”, conta. Ela destaca que a língua Kaingang voltou a ser falada em casa após a Constituição garantir o direito à expressão, uma vitória importante para a preservação da cultura indígena.

O Censo 2022 revela um aumento significativo no número de línguas indígenas declaradas no Rio Grande do Sul, passando de 19 em 2010 para 41 em 2022. A Kaingang permanece como a mais falada no estado em ambos os anos. Além disso, a população indígena no Brasil cresceu e se urbanizou, com 53,97% vivendo em áreas urbanas em 2022, contra 36,22% em 2010. O total de indígenas alcançou 1.694.836, distribuídos em 4.833 municípios.

O número de etnias também aumentou, passando de 305 em 2010 para 391 em 2022 no Brasil, e de 75 para 127 etnias no estado do Rio Grande do Sul. No entanto, apenas seis dessas etnias estão localizadas em terras indígenas. A preservação e o reconhecimento das línguas e culturas indígenas são fundamentais para a valorização e proteção da diversidade do país.

A cacica Iracema Gãh Té destaca a importância do ensino da língua Kaingang nas escolas e universidades como forma de manter viva a herança cultural desse povo. A defesa do reconhecimento e preservação das línguas indígenas é essencial para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa com a pluralidade étnica e linguística do Brasil.

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