Pais e mães migrantes buscam trabalho e estabilidade no Paraná: ‘Você pensa primeiro nos seus filhos’
Segundo dados do Observatório das Migrações Internacionais, desde o início de 2025, o Paraná teve 52 mil contratações de migrantes. Segundo especialistas, a procura por emprego revela um perfil de migração voltado à fixação no estado.
Em busca de estabilidade para os filhos, milhares de pais e mães migrantes trabalham ou procuram emprego no Paraná. Para quem chegou há pouco tempo ao estado, o processo é um recomeço.
> “Realmente é muito difícil migrar, a gente deixa para trás nosso país, nossa família, eu deixei meus pais e minhas irmãs. Mas quando você tem filhos, você pensa primeiro neles. Pensamos que lá as coisas estavam muito difíceis, por isso, decidimos migrar”, afirma a cubana Annelys Yanet Zayas Pérez, que vive em Curitiba. Ela é mãe de uma menina e está grávida da segunda filha.
Dar um futuro melhor para as filhas estava entre as prioridades de Annelys Yanet Zayas Pérez, quando decidiu migrar.
O Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra) estima que há 75.733 trabalhadores migrantes no mercado de trabalho formal do Paraná. Segundo a Receita Federal, outros 12.132 são registrados como Microempreendedores Individuais (MEIs).
Yovannys Serrano Fouz é natural de Cuba e veio a Curitiba acompanhado da esposa e dos dois filhos, de 1 e 9 anos, “com malas cheias de sonhos e projetos. E, sobretudo, para construir um futuro melhor para os filhos”, afirma.
Ele conta que começou a trabalhar pouco tempo depois de chegar ao país. O primeiro emprego foi em um supermercado. Em seguida, conseguiu um trabalho como mecânico de refrigeração e climatização, área na qual é graduado.
▶️ Este texto faz parte da série “Infâncias em Travessia”. Com foco na primeira infância e nos impactos das políticas públicas sobre famílias migrantes, os textos discutem e mapeiam os caminhos físicos, emocionais e sociais que crianças migrantes e refugiadas percorrem na chegada ao Paraná.
Desde abril de 2018, pelo menos 28.951 migrantes atravessaram a fronteira entre a Venezuela e o Brasil com destino ao Paraná, segundo dados da Operação Acolhida do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Somam-se a eles outros migrantes e refugiados que chegaram ao estado por outros caminhos.
E o trabalho é um dos principais critérios que levam os migrantes e refugiados a definirem em que lugar vão se fixar e chamar de casa. Na maioria das vezes, aqueles que têm formação especializada acabam trabalhando em outras áreas, devido à falta de reconhecimento dos diplomas, barreiras linguísticas e ausência de políticas públicas que facilitem a inserção de mão de obra qualificada.
Para Karina Rodriguez Hidalgo, esposa de Yovannys, que era advogada em Cuba e agora trabalha como diarista em Curitiba, o Brasil perde quando não aproveita as qualificações profissionais de quem migra para o país. Ela ressalta a importância de reconhecer a mão de obra especializada dos migrantes para contribuir com o crescimento e desenvolvimento do Brasil.
A busca por trabalho define raízes na vida dos migrantes que chegam ao Paraná. Muitos vêm em busca de oportunidades melhores para si e para suas famílias, dispostos a enfrentar desafios e recomeços em terras estrangeiras. O trabalho não é apenas fonte de renda, mas também a chave para alcançar um sonho possível e construir um futuro promissor para as gerações futuras. A integração no mercado de trabalho e a busca por estabilidade são aspectos fundamentais para a adaptação e a permanência dos migrantes em suas novas moradas.




