As conexões do crime têm se mostrado cada vez mais presentes no cenário nacional, com criminosos de diversas regiões do país se unindo ao Comando Vermelho no Rio de Janeiro. A recente megaoperação das forças de segurança no Complexo do Alemão e da Penha expôs não apenas a brutalidade do tráfico de drogas, mas também a presença de membros de facções de fora do estado fluminense que vieram reforçar o “exército” do crime organizado. Esses criminosos, oriundos de estados como Bahia, Pernambuco, Pará, Santa Catarina, Espírito Santo e Maranhão, têm encontrado abrigo nas favelas cariocas, principalmente nas áreas de mata, onde atuam em conjunto com os líderes locais.
Durante a megaoperação, que resultou na morte de mais de 100 suspeitos, a polícia identificou a presença de fuzis com inscrições de facções de outros estados, como o Comando Vermelho do Amazonas e a “Tropa de Manaus”. Essas armas indicam não apenas a presença de criminosos de fora no Rio de Janeiro, mas também a colaboração entre diferentes grupos criminosos em prol do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas. Além disso, relatos de moradores e fontes das polícias civis de outros estados apontam que esses criminosos de fora precisam cumprir funções de proteção e manutenção do território nas comunidades onde se instalam.
A expansão do Comando Vermelho para 24 estados e o Distrito Federal é tema de uma série especial do jornal EXTRA, que vem revelando as conexões que permitiram a disseminação da facção pelo país. A presença do CV em outras regiões tem gerado confrontos e disseminado táticas típicas do crime carioca, como a cobrança de taxas ilegais e o comércio clandestino de sinal de internet. A participação de criminosos de fora nas atividades do Comando Vermelho também tem gerado polêmica, com denúncias de falta de compromisso e deslealdade por parte de alguns membros vindos de outros estados.
O impacto da presença desses criminosos de fora nas comunidades cariocas ficou evidente durante a operação recente, onde familiares de suspeitos mortos aguardavam ansiosos por informações sobre seus entes queridos. Uma mulher de Goiás, cujo marido foi alvejado durante a operação, relatou a angústia de não ter notícias sobre o paradeiro dele. A situação dramática dessas famílias expõe não apenas a violência do tráfico, mas também a esperança frustrada de recomeço em um ambiente que acabou se revelando hostil.
O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, destacou que a operação foi um duro golpe para o Comando Vermelho, representando um dos maiores baques já sofridos pela facção. Segundo ele, a presença e atuação de chefes do crime de outros estados no Rio indica uma estratégia de se esconder em territórios considerados seguros para continuar com suas atividades ilícitas. A criação de um Escritório de Combate ao Crime Organizado, em parceria com o governo federal, demonstra a necessidade de unir esforços para enfrentar a expansão e a influência das facções criminosas no país. A luta contra o tráfico de drogas e o crime organizado exige uma abordagem integrada e coordenada entre os diferentes níveis de governo e as forças de segurança, visando restabelecer a paz e a segurança nas comunidades afetadas pela violência.




