Cerca de 50 militares da reserva foram beneficiados com isenção de imposto de renda a partir de laudos falsos de exposição ao césio-137 em 1987, o maior acidente radiológico do Brasil. Segundo a Polícia Civil, o grupo criminoso, composto por advogados, médico, engenheiro e militar, causou um prejuízo aos cofres públicos de cerca de 1,7 milhão.
A investigação identificou que o grupo atuava de forma organizada, com diferentes núcleos como o jurídico, de captação, fraude e advogados laranjas. Segundo o delegado Leonardo Dias Pires, cada núcleo tinha funções específicas no esquema de fraude relacionado ao acidente com o césio-137.
A Operação Césio 171 prendeu temporariamente três advogados, um médico e um engenheiro, além de cumprir sete mandados de busca e apreensão na Região Metropolitana de Goiânia. A OAB-GO está acompanhando a investigação para garantir o respeito às prerrogativas profissionais e ao cumprimento ético na advocacia.
O Crea-GO também se manifestou sobre a prisão de um engenheiro, iniciando procedimentos para apuração dos fatos dentro de sua competência legal. O conselho ressaltou a importância da conduta ética e do respeito à legislação profissional nos serviços prestados por profissionais registrados.
A investigação identificou que o grupo atuava mediante a ingresso de ações na Justiça solicitando isenção de imposto de renda para supostas vítimas do acidente radiológico. O núcleo de captação atraía militares para coletar documentos que eram posteriormente adulterados pelo núcleo de fraude. O núcleo jurídico utilizava advogados “laranjas” para protocolar as ações no Judiciário.
A Polícia Civil apreendeu fios de cabelo e materiais biológicos que supostamente seriam enviados para um laboratório nos Estados Unidos para análise, porém foi descoberto que os laudos eram forjados. A investigação agora foca na conduta de cada um dos militares beneficiados para determinar o grau de envolvimento de cada um no esquema.
A primeira fase da investigação, iniciada com a Operação Fraude Radioativa, identificou mais de 100 processos judiciais com o uso de documentos falsos, resultando na prisão de três indivíduos e na apreensão de documentos que comprovaram a fraude. A segunda fase tem como objetivo responsabilizar todos os integrantes do grupo criminoso identificados.
A sociedade goiana aguarda por uma resposta efetiva das autoridades competentes para garantir a punição dos responsáveis e a manutenção da ética e qualidade dos serviços prestados pelos profissionais envolvidos no esquema de fraude. A colaboração entre órgãos públicos e entidades fiscalizadoras é fundamental para garantir a transparência e o respeito às leis.
 
				



