Cristiane Xavier, defensora pública atuante na força-tarefa da Defensoria Pública para auxiliar as famílias das vítimas da megaoperação no Rio, manifestou sua insatisfação ao ser impedida de participar de uma reunião no Instituto Médico-Legal (IML) entre autoridades. Segundo ela, a Defensoria foi excluída do encontro que contou com a presença dos deputados Glauber Braga, Tarcísio Motta e Chico Alencar (PSOL-RJ), que foram fiscalizar a atuação da perícia técnica. Xavier ressaltou que a instituição vem atuando desde o início nas áreas de mata e no atendimento às famílias, e que o acesso limitado é um desrespeito com a ADPF das Favelas.
A situação levou a defensora pública a considerar a possibilidade de levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que a ADPF das Favelas está sendo desrespeitada. O diretor do núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, André Castro, endossou a fala de Xavier e destacou as demandas da pasta, como o acesso a uma lista atualizada de pessoas identificadas e às câmeras dos policiais. A Defensoria solicitou autorização ao STF para elaborar laudos paralelos nos corpos dos 121 mortos na megaoperação, após ter sido impedida de acessar a sala de perícia e necropsia do IML.
Durante uma reunião com o governador Claudio Castro, o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, negou que a Defensoria tenha tido acesso negado ao IML. Segundo ele, a instituição não indicou os funcionários que entrariam na instituição, afirmando ainda que o IML não é um local de visitação e que a Polícia Civil cumpre as regras estabelecidas pela ADPF 635. Em nota, a Polícia Civil destacou que o acesso ao IML está limitado aos policiais civis e membros do Ministério Público, e que o trabalho é desenvolvido por peritos oficiais da polícia acompanhados por peritos independentes.
A megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha resultou em mais de 120 mortos, com corpos sendo retirados da mata e levados para a praça na Penha por moradores. Familiares fizeram o reconhecimento dos corpos enquanto a população lamentava as perdas. A situação gerou uma série de protestos e reações, com a Defensoria Pública buscando garantir seu acesso aos locais de atuação e auxiliar as famílias das vítimas da operação. A transparência e a legalidade do processo de identificação dos corpos são temas de debates e investigações em curso para esclarecer os fatos e garantir a justiça no caso.




