Uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) revelou que traficantes do Comando Vermelho instalados no Complexo da Penha negociam a compra de drones com câmeras térmicas — tecnologia capaz de detectar pessoas mesmo no escuro. As mensagens interceptadas mostram traficantes do Alemão e da Penha planejando adquirir o equipamento para vigiar a polícia à noite. O objetivo da compra seria melhorar o monitoramento de incursões policiais nas comunidades e ampliar o controle territorial da facção, que mantém domínio sobre mais de mil comunidades no estado.
O conteúdo das mensagens foi anexado à denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), que embasou a megaoperação que resultou na prisão de chefes da facção. Durante a operação, foi possível observar criminosos armados se preparando para fugir pela mata. Imagens mostram traficantes fortemente armados antes da ação policial nos complexos do Alemão e Penha. Segundo a Polícia Militar, o Comando Vermelho domina 1.028 comunidades no estado, demandando cada vez mais dinheiro, armamento e homens dispostos a matar ou morrer pela facção.
As mensagens apreendidas revelam uma estrutura hierárquica detalhada, com escalas de plantão, controle de pagamentos e punições. Há ordens de tortura e execução, demonstrando o alto grau de organização da facção criminosa. Nomes como Edgar Alves de Andrade, Juan Breno Malta Ramos e Fagner Campos Marinho são citados na denúncia como responsáveis por tribunais do tráfico e execuções.
Além disso, os traficantes controlam diversas câmeras instaladas nas comunidades para monitorar a movimentação de policiais e rivais. Com o intuito de aprimorar o sistema de vigilância, as mensagens interceptadas demonstram interesse em adquirir drones noturnos com tecnologia térmica. Esses drones seriam capazes de localizar pessoas em ambientes escuros ou cobertos por vegetação, reforçando a capacidade de vigilância da facção criminosa.
A operação que resultou na prisão dos chefes do Comando Vermelho foi fruto de meses de investigação da DRE em parceria com o Ministério Público. A apreensão de armamentos e a análise das mensagens indicam um nível inédito de organização e sofisticação tecnológica no tráfico carioca. O uso de drones com câmeras térmicas para vigiar a polícia à noite representa um novo desafio para as autoridades de segurança pública, que precisam se manter atualizadas diante das estratégias cada vez mais sofisticadas dos criminosos.




