A megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha na última terça-feira, causando a morte de 121 pessoas, incluindo 4 policiais, permanece envolta em dúvidas e versões conflitantes. Enquanto as autoridades de segurança defendem a ação como um golpe devastador contra o Comando Vermelho, familiares e entidades de direitos humanos clamam por transparência e responsabilidade. O jornal O GLOBO reúne, com base em declarações oficiais e relatos de moradores, o que já se sabe e o que ainda precisa ser esclarecido em cada ponto crucial do caso.
Até o momento, a polícia confirmou a morte de 121 pessoas na megaoperação, sendo 4 policiais e 117 suspeitos. Os corpos começaram a ser liberados para as famílias na manhã seguinte, mas a identificação dos 117 suspeitos ainda está em andamento. Além disso, não foi detalhada a ligação dos mortos com a cúpula da facção criminosa ou com os alvos dos mandados de prisão. O governador Cláudio Castro afirmou que todos os mortos, exceto os policiais, eram criminosos devido ao confronto em áreas de mata.
Um volume recorde de armamentos foi apreendido durante a operação, incluindo 118 armas de fogo, entre elas 91 fuzis. No entanto, não foi esclarecido se essas armas estavam com os corpos encontrados posteriormente na área de mata. A estratégia do “Muro do Bope” adotada na operação foi planejada visando a preservação da vida dos moradores, levando o confronto para a área não edificada, onde houve a alta letalidade. Ainda falta esclarecer quantas das mortes ocorreram nessa região e como a tática influenciou o número de óbitos.
A megaoperação resultou na prisão de 113 pessoas, incluindo importantes líderes do tráfico, como Thiago Mendes e Nikolas Soares. Entretanto, ainda não foram divulgadas informações detalhadas sobre a posição hierárquica dos demais presos, incluindo 10 menores apreendidos. Além disso, o principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, continua foragido, e não há pistas concretas sobre seu paradeiro. A operação tinha como foco integrantes do Comando Vermelho, com a expedição de mandados de busca e prisão.
As alegações de familiares sobre supostas mortes por rendição e corpos encontrados com sinais de mutilação precisam ser investigadas e confirmadas pelas perícias oficiais. A RAAVE montou uma força-tarefa no IML para oferecer apoio às famílias afetadas. O governador Cláudio Castro defendeu a operação publicamente, desafiando críticas e prometendo transparência no processo. Resta agora aguardar as medidas a serem tomadas pelo ministro Alexandre de Moraes em relação à letalidade da megaoperação, no contexto da ADPF 635.




