Mais do que uma virada histórica, uma celebração do espírito palmeirense
Todo palmeirense vai lembrar e fazer questão de contar exatamente em que lugar se encontrava na noite de 30 de outubro de 2025.
Palmeiras 4 x 0 LDU | Melhores momentos | Semifinal | CONMEBOL Libertadores 2025
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Palmeiras 4 x 0 LDU | Melhores momentos | Semifinal | CONMEBOL Libertadores 2025
O que aconteceu ontem à noite, no Allianz Parque, vai continuar ecoando pelos séculos, em cada ambiente onde se encontrarem dois palmeirenses. Na verdade, me atrevo a dizer que se tornará página fundamental da história não apenas do clube, mas da biografia jamais publicada de cada palmeirense, célebre ou anônimo. Não da narrativa que discorre sobre títulos e vitórias, mas da própria relação entre o Palmeiras e sua gente.
É daquelas jornadas que nascem talhadas para o “onde você estava?”. E todo palmeirense vai lembrar e fazer questão de contar exatamente em que lugar se encontrava na noite de 30 de outubro de 2025. Mais do que os lances do jogo, os autores do gol, e mesmo o objetivo cumprido de alcançar mais uma final de Libertadores, provavelmente vai se recordar das sensações que viveu não com o Palmeiras, nem junto ao Palmeiras. Simplesmente sendo o Palmeiras.
Porque a “noite mágica” que Abel Ferreira prometia transcorreu dentro e fora do campo, não como regiões limítrofes, mas como universos indissociáveis. No jogo, o Palmeiras teve uma atuação avassaladora, levando para o gramado a sua mentalidade de avalanche, com o time sabendo traduzir cada ideia e pretensão do seu comandante — um dos técnicos mais decisivos e consistentes que já frequentou o futebol brasileiro.
Não demorou muito para percebermos que ficar acuada, defendendo de forma precária sua meta, não era opção da Liga de Quito, mas resultado de uma pressão permanente do Palmeiras, com Flaco López, Vitor Roque e Maurício transformando em um inferno as tentativas de saída dos equatorianos. E, confesso, passei a temer pelo futuro de Allan, que precisará recobrar forças para superar o que fez ontem: com apenas 21 anos, o meio-campista canhoto provavelmente protagonizou uma das maiores partidas de sua futura e longeva carreira.
Jogadores do Palmeiras festejam com a torcida a vaga na final da Libertadores
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Jogadores do Palmeiras festejam com a torcida a vaga na final da Libertadores
Enquanto isso, ao redor do gramado — e o entorno do gramado seguia até onde houvesse um palmeirense, fosse em Manaus ou Estocolmo –, era perceptível que testemunhávamos um daqueles raros momentos, como a passagem do Cometa Halley ou o derretimento de um glaciar ancestral, em que há uma conformação muito específica de circunstâncias: a sinergia entre Palmeiras e palmeirenses alcançou uma fusão absoluta.
Era o mais próximo possível que o futebol pode chegar de um ritual místico de celebração coletiva. Quem devolveu o passe para Raphael Veiga, na verdade, foi o único torcedor alviverde que vive em Ushuaia. Quem cobrou o pênalti decisivo foi um garçom da Mooca. E o Palmeiras tornou-se não uma religião, mas um estado de espírito. Isso só acontece apenas a cada 87 anos, mas como estamos falando deste Palmeiras talvez volte a ocorrer novamente em trinta dias.
Gustavo Gómez e Abel Ferreira comemoram após vitória do Palmeiras sobre LDU — Foto: Marcos Ribolli




