A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou nesta sexta-feira, 31, que 99 dos mortos na Operação Contenção, deflagrada contra o Comando Vermelho, já foram identificados. Segundo o secretário da corporação, delegado Felipe Curi, 78 deles possuíam antecedentes por crimes graves, como homicídio, tráfico de drogas e participação em organização criminosa. Outros 42 estavam com mandados de prisão em aberto.
O levantamento do governo estadual mostra que parte dos suspeitos era de fora do Rio. Entre os 99 identificados, 13 eram do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro do Ceará, um da Paraíba, quatro de Goiás, um do Mato Grosso e três do Espírito Santo.
Nenhum dos mortos, no entanto, consta na lista de alvos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que originou a operação. A denúncia levou a Justiça a determinar prisões de lideranças da facção, como Edgar Alves de Andrade, o Doca, que continua foragido.
Durante coletiva de imprensa, o governo do Rio classificou os 117 suspeitos mortos na ação nos complexos do Alemão e da Penha como “narcoterroristas”. A operação, que também deixou quatro policiais mortos, resultou em 121 óbitos e se tornou a mais letal da história brasileira.
As investigações indicam que o Comando Vermelho mantinha nos complexos do Alemão e da Penha centros de comando e treinamento tático. Nessas áreas, segundo a polícia, integrantes recebiam instruções sobre armamento, uso de explosivos e táticas de combate. As forças de segurança estimam que a facção movimentava cerca de dez toneladas de drogas por mês e negociava aproximadamente 50 fuzis.
O esquema criminoso abastecia diretamente 24 comunidades do estado, entre elas Rocinha, Jacarezinho, Maré, Lins e o Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Pelo menos um terço dos presos também seria de outros estados, o que, segundo os investigadores, demonstra o alcance nacional da organização.
A Polícia Civil afirmou que está concluindo um relatório detalhado sobre os mortos e o papel estratégico das áreas dominadas pela facção. O secretário Felipe Curi defendeu que o combate ao crime seja tratado como uma pauta nacional e cobrou a atualização das leis penais.
Já o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, descartou a possibilidade de ocupação militar em favelas e afirmou que o foco do governo é retomar os territórios dominados pelo tráfico. Ele reforçou que a Operação Contenção faz parte de uma política de segurança contínua, com diferentes fases em andamento.
De acordo com as autoridades, todos os corpos passaram por perícia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML), com acompanhamento do Ministério Público. Até o momento, 89 foram liberados às famílias. A Defensoria Pública informou que tentou participar das perícias, mas teve o acesso negado, mesmo com a autorização prevista na ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas.
A ação tinha como meta cumprir 70 mandados de prisão em 180 endereços ligados ao Comando Vermelho. Durante o confronto, criminosos reagiram com fuzis e chegaram a lançar explosivos com drones, o que causou pânico e bloqueios em várias regiões da cidade.
No balanço divulgado, o governo informou que 113 pessoas foram presas e mais de cem fuzis apreendidos. O principal alvo, Edgar Alves de Andrade, o Doca, continua foragido, e o Disque Denúncia oferece R$ 100 mil por informações que levem à sua captura.




