Por que Campinas quer tombar paralelepípedos do Cambuí e da Vila Industrial?
Em decisão publicada nesta terça (28), Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) aprovou abertura de estudo de tombamento de trechos de 51 ruas nos dois bairros. Órgão vai avaliar valor histórico, urbanístico e ambiental da pavimentação nos trechos.
Prefeitura inicia estuda de tombamento de paralelepípedos do Cambuí e da Vila Industrial
O chão onde se pisa conta muita história. E os paralelepípedos que pavimentam ruas do Cambuí e da Vila Industrial, em Campinas, podem ajudar a resgatar o passado da cidade. É por isso que o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) aprovou a abertura de estudo de tombamento de trechos de 51 ruas (24 na Vila Industrial e 27 no Cambuí). — saiba mais abaixo.
A decisão foi publicada na última terça-feira (28) no Diário Oficial e representa o início de uma nova etapa de estudos técnicos sobre o valor histórico, urbanístico e ambiental dos paralelepípedos nestes locais. No momento, tais ruas estão tombadas provisoriamente até que se concluam os estudos.
Entre as ruas estão Coronel Quirino, Maria Monteiro e Santos Dumont, no Cambuí; e Vinte e Quatro de maio, Mestre Tito e Barão de Monte Mor, na Vila Industrial.
Se o tombamento for definitivo, será a primeira vez que ruas de paralelepípedos terão proteção legal na cidade. (Atualmente, existem trechos de paralelepípedos protegidos por serem considerados “áreas envoltórias” de bens tombados. Mas ainda não existem arruamentos tombados por si só).
> “O paralelepípedo começa a ser usado nos anos 1870 e vai até os anos 1940. A partir dele, é possível definir qual era o perímetro urbano da cidade e entender essa temporalidade”, explica o historiador Henrique Anunziata, que integra o Condepacc.
TOMBAMENTO PROVISÓRIO
Fase inicial. O processo de tombamento exige uma séria de etapas. A primeira delas é entrar com o pedido na prefeitura, o que pode ser feito por qualquer cidadão. O pedido deve conter um pré-estudo e será analisado por um colegiado.
* No caso da Vila Industrial, o pedido foi feito pela professora Ana Villanueva, moradora do bairro desde 1994, em setembro de 2020. Ela reuniu 1.500 assinaturas de moradoras contrários ao asfaltamento do bairro.
* Já o pedido de tombamento das ruas do Cambuí foi protocolado pela ONG Resgate Cambuí, em março de 2022.
Fase de estudos. Após aprovação do colegiado, o processo avança para a fase de estudos e há um tombamento provisório, a fim de preservá-los. Ou seja, nenhuma alteração pode ser feita nos espaços sem autorização do Condepacc. É nessa etapa que se encontra o pedido de tombamento das ruas do Cambuí e da Vila Industrial.
O tombamento provisório segue até que se conclua esta etapa e o conselho decida se há justificativa para tombar os locais e quais deles serão preservados.
Tombamento definitivo. Após os estudos, o colegiado vota a favor ou contra o tombamento, podendo fazer alterações no projeto original, como excluir algumas das ruas por falta de preservação ou até mesmo incluir outras.
A presidente da ONG Resgate Cambuí ficou feliz com o avanço do processo para a fase de estudos e acredita que o resultado pode ser satisfatório.
> “Talvez não de aprovem todas as ruas que a gente pediu, mas acho que uma boa parte pode ser tombada, sim. E acho bem importante que sejam”, conclui.
Para Ana Villanueva, este seria apenas o começo, já que, em sua opinião, existem outros patrimônicos históricos e ambientais que devem ser preservados.
“Tem uma escola na Vila Industrial que é do Paulo Mendes da Rocha, um grande arquiteto de São Paulo, e é a única obra dele em Campinas. Também existem conjuntos de casas de antigos operários da Paulista que formam um conjunto urbano. Então, a minha expectativa é que não pare só no paralelepípedo, que além do paralelepípedo, outras coisas sejam tombadas, né?”, comenta a arquiteta.




