Peixoto Gomide: político homenageado na tragédia familiar em escola, rua e praça

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Peixoto Gomide: conheça mais sobre político que matou a própria filha e que é
nome de avenida no interior de SP

Em 1906, Sophia Gomide foi morta pelo próprio pai que não aceitava seu noivado
com o promotor público de Itapetininga (SP) na época. No mesmo município, uma
avenida, praça e escola carregam o nome do político e advogado.

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De: político homenageado em escola, rua e praça protagonizou
tragédia familiar

Entre os nomes que se repetem nos principais pontos de Itapetininga, um chama
atenção: Peixoto Gomide. A avenida que corta o centro, a escola centenária e a
praça onde seu busto permanece exposto levam o nome do mesmo homem, um advogado
e político influente do início do século 20.

Mas por trás das homenagens está uma história trágica e pouco conhecida. Peixoto
Gomide protagonizou um dos episódios mais marcantes da elite paulista no início
dos anos 1900, quando matou a própria filha, Sophia, às vésperas do casamento
dela.

Em 20 de janeiro de 1906, o advogado tirou a vida da jovem de 22 anos, dentro da
casa da família, na Rua Benjamin Constant, em São Paulo. Segundo o professor
Milton Cardoso, que se aprofundou na história da família em um estudo histórico,
o crime teria sido motivado pela não aceitação do noivado de Sophia com o poeta
e promotor público de Itapetininga, Manuel Baptista Cepelos. O casamento estava
marcado para acontecer uma semana depois.

O caso abalou a sociedade paulistana da época. “A cena comoveu a ainda pacata
São Paulo. Muitos desconhecidos e personalidades estiveram no enterro no
Cemitério da Consolação”, relata Cardoso.

Seis dias depois da tragédia, uma comissão foi formada em Itapetininga para
prestar homenagens póstumas a Peixoto. O grupo encaminhou ao governo estadual um
pedido para que uma escola da cidade recebesse o nome dele. Assim nasceu a
Escola Complementar Dr. Peixoto Gomide, uma das instituições de ensino mais
tradicionais do município, hoje considerada patrimônio histórico.

MOTIVAÇÃO DO CRIME

Ainda em sua pesquisa, Cardoso destacou um trecho do livro “Diário Secreto”,
escrito por Humberto de Campos em 1954, que explica a motivação do crime.
Segundo a obra, Sophia Gomide correspondia à paixão de Cepelos, mas o pai não
aceitou o noivado.

“Gomide opôs-se vivamente ao noivado, e foi quando, para forçar o pai ao
consentimento, a moça confessou: ‘Mas o senhor tem que consentir, porque eu já
me entreguei a ele’. O velho entra em desespero. Toma um revólver, mata a filha
e suicida-se depois. Cepelos era, também, filho do velho Gomide. Ao ter
conhecimento do fato, Cepelos achou que não devia mais suportar a vida. Subiu à
pedreira que dava para a rua Pedro Américo, e atirou-se do alto.

Ao de, Milton Cardoso comentou que o episódio abalou a sociedade paulista da
época. “O caso teve repercussão em todos os jornais ativos no país, devido à
posição política que Peixoto Gomide ocupava”, afirmou.

Durante a pesquisa para a produção de um livro comemorativo sobre a Escola
Estadual Peixoto Gomide, Cardoso investigou e compartilhou a história. “Muitas
pessoas que estudaram na escola me procuraram dizendo que não conheciam essa
versão dos fatos e ficaram sabendo um pouco mais sobre a trágica história do
antigo senador”, relembrou.

ESCOLA ESTADUAL EM ITAPETININGA

Em Em 1894, foi fundada a Escola Estadual “Peixoto Gomide”, localizada na
região central de Itapetininga — Foto: Divulgação/Secretaria da Educação do
Estado de São Paulo

Em Em 1894, foi fundada a Escola Estadual “Peixoto Gomide”, localizada na região
central de Itapetininga — Foto: Divulgação/Secretaria da Educação do Estado de
São Paulo

Em 1894, foi fundada a Escola Estadual “Peixoto Gomide”. um dos primeiros grupos
escolares do interior paulista e marco do início da institucionalização formal
da educação pública fora da capital.

Para a reportagem, Rodrigo Almeida da Silva, diretor da escola, destacou que a
fundação representou a consolidação de um projeto voltado a oferecer formação
intelectual, profissional e cidadã aos habitantes da região.

Cerca de 28 anos após a criação, a escola recebeu oficialmente o nome de Peixoto
Gomide, em homenagem póstuma à figura pública. A escolha do nome reforçava a
valorização de sua trajetória na defesa do desenvolvimento do Estado, da
educação e das obras públicas.

“A denominação da escola refletia o reconhecimento de Itapetininga à sua
contribuição para o avanço educacional do interior paulista. Apesar do fim
trágico de sua vida, a escolha de seu nome representou, à época, a valorização
de sua trajetória pública e de seu compromisso com o progresso social”, disse
Silva.

Com 131 anos de existência, a escola é considerada uma das mais antigas do
Estado de São Paulo. A denominação foi oficializada em 1922, durante o
centenário da Independência, período em que era comum escolas e instituições
públicas receberem nomes de figuras ilustres da história paulista.

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