O dossiê da megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha no Rio de Janeiro revelou dados alarmantes: dos 117 mortos durante a ação policial, 26 deles tinham passagem na justiça como menores. Segundo levantamento da Vara da Infância e da Juventude, mais de 20% das vítimas já haviam sido apreendidas anteriormente, passando pelo sistema socioeducativo e sendo reintegradas ao crime, ao invés de à sociedade.
A juíza Vanessa Cavalieri, responsável pela Vara da Infância e da Juventude do Rio, apontou o abandono do sistema socioeducativo como uma das causas do problema. Em seu discurso, ela enfatizou a falta de eficácia das medidas socioeducativas oferecidas aos menores infratores, ressaltando a importância de um programa sério e eficiente no combate à reincidência criminal.
O debate sobre as raízes do problema da violência e do tráfico de drogas tem sido colocado em segundo plano, conforme avaliação da magistrada. Ela ressalta que é na adolescência que muitos jovens iniciam sua trajetória criminosa, por isso, a necessidade de ações preventivas e de inclusão social desde cedo.
O sistema de medidas socioeducativas, que deveria promover a ressocialização dos jovens infratores, tem sido alvo de críticas pela falta de efetividade. Segundo relatos, muitos dos adolescentes apenas assinam um papel e o acompanhamento necessário não é devidamente realizado, resultando em altas taxas de reincidência.
Para mudar esse cenário, especialistas defendem a necessidade de uma ação integrada entre diferentes instâncias, incluindo a educação como chave para a transformação social. Além disso, programas de apoio desde a primeira infância e políticas de redução das desigualdades socioeconômicas são apontados como fundamentais para combater a entrada de jovens no crime e promover uma sociedade mais justa.
Diante dos desafios enfrentados no Rio de Janeiro, é urgente repensar as estratégias de prevenção e inclusão, visando que os jovens encontrem caminhos alternativos para suas vidas, longe da criminalidade. A conscientização e o investimento em programas eficazes são essenciais para que se evite que mais vidas sejam perdidas para a violência e o tráfico de drogas.




