Após megaoperação, governo do RJ diz que fará outras ações semelhantes contra o crime organizado
Segundo autoridades de segurança, as operações vão atacar a estrutura financeira das quadrilhas, inclusive contra empresas usadas para lavar dinheiro.
Após megaoperação, governo do RJ diz que fará outras ações semelhantes contra o crime orga
Pouco mais de nove dias após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de 120 mortos, incluindo quatro policiais, o governo do Rio afirmou que novas ações semelhantes já estão sendo planejadas. No Alemão e na Penha, as barricadas voltaram a aparecer.
Segundo autoridades de segurança, as operações vão atacar a estrutura financeira das quadrilhas, inclusive contra empresas usadas para lavar dinheiro, e terão autorização judicial, com mandados expedidos de prisão e de busca e apreensão.
As ações serão voltadas para a região de Jacarepaguá, uma das que mais sofreram com a expansão do Comando Vermelho e considerada prioritária no plano de retomada de territórios previsto no pacote de exigências do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF das Favelas.
Nesta quarta, o ministro relator Alexandre de Moraes, do STF, recebeu movimentos sociais em Brasília para debater sobre as operações. Na terça, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, conversou com Moraes.
Durante a tarde, Moraes determinou que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar o crime organizado no Rio de Janeiro. O objetivo, segundo ele, é apurar: esquemas de lavagem de dinheiro de facções e milícias; infiltração de organizações criminosas no poder público.
A decisão foi comunicada na abertura de audiência pública sobre segurança no estado. O foco, segundo Moraes, será atingir a estrutura financeira das facções — etapa considerada essencial para reduzir a violência e retomar áreas dominadas por grupos criminosos.
A perícia dos corpos terminou no domingo. A Defensoria Pública do Estado afirma que não pôde acompanhar o trabalho de perícia, que daria mais transparência à investigação, e que não teve acesso a laudos e documentos. O Ministro Alexandre de Moraes determinou que o governo do Rio desse o acesso às informações sobre a megaoperação e a identificação dos mortos.
Entre os 117 considerados suspeitos mortos da operação, 61 são de fora do Rio de Janeiro. O Pará aparece com pelo menos 16 mortos, seguido pela Bahia, com 11; o Amazonas, com 8; Goiás, com 7; e pelo menos outros sete estados brasileiros.
O relatório com o perfil dos envolvidos indica que dois eram menores de idade. O mais velho tinha 54 anos. A média de idade dos suspeitos girava entre 18 e 35 anos. A maioria possuía anotações criminais. Além disso, 30% desses homens foram registrados apenas pelas mães.
Em Brasília, o ministro Alexandre de Moraes, relator da ADPF 635, afirmou que quer trazer mais elementos para embasar as decisões da corte. A ação tramita no Supremo Tribunal Federal há 6 anos. “Se o tribunal afirmou portanto que há compatibilidade entre operações de segurança pública e a constituição federal, é necessário ter limites. O que se quer afirmar aqui pro ministro é que a constituição precisa ser cumprida, que não tem como abrir uma janela para que cada vez se aumente mais o número de mortes”, afirmou Luciana Boiteux, advogada e professora de direito penal e criminologia da UFRJ.




