Ludmilla inova com estilo vocal à la SZA em álbum de R&B “Fragmentos”

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Ludmilla mira em SZA e Sampa Crew em álbum de R&B que começa arrastado, mas melhora

Cantora mostra versatilidade vocal em trabalho com vibe nostálgica. Músicas românticas perdem força ao tentar atualizar batidas suaves dos anos 2000; leia crítica.

Ludmilla faz manobras com vocal à la Sza em disco de R&B

* Título: “Fragmentos”
* Artista: Ludmilla
* Nota: 7/10

O jeito de cantar da Ludmilla mudou ao longo da carreira. Desde o primeiro álbum, “Hoje” (2014), a cantora evoluiu vocalmente, passou a lançar músicas mais exigentes e incluiu mais manobras com a voz em sua performance.

Essa mudança fica ainda mais clara em “Fragmentos”, álbum que Ludmilla lançou nesta quinta-feira (6). Nele, ela aparece mais versátil do que nunca em termos de voz. Em 15 músicas, brinca com transições entre graves e agudos, entre vocais mais suaves e imponentes e, acima de tudo, faz muitos melismas – quando uma única sílaba é cantada em várias notas diferentes.

Dá para notar a influência de nomes do pop conhecidos pela versatilidade e a ornamentação vocal, principalmente a da cantora americana SZA, que com seu álbum “SOS” (2022) definiu a cara do R&B pós-pandemia.

O R&B, que tem nesse estilo de canto uma de suas principais características, é o foco de Ludmilla no “Fragmentos”. Com o trabalho, a cantora quer fazer o gênero surgido nos Estados Unidos se tornar mais conhecido e incorporado ao pop brasileiro.

E o disco tem, sim, faixas com potencial para fazer isso acontecer. O mais forte, talvez, esteja em “Meu Defeito”, com letra viralizável sobre ciúmes e uma batida que equilibra bem as referências contemporâneas com o R&B dos anos 2000.

A nostalgia do início do século guia o conceito do disco. Nomes como Ne-Yo, Akon e Mariah Carey, líderes das paradas nessa época, se fundem à lembrança do R&B romântico cantando em português de Sampa Crew e Adryana e a Rapaziada, que também bombavam no Brasil.

Canções de amor como “Whisky com Água de Choro”, “Cheiro de Despedida” e “A Pior Parte” tentam trazer para a atualidade as batidas suaves daquele período, mas precisavam de melodias mais marcantes para evitar a sensação de estar ouvindo a mesma música várias vezes.

Por causa disso, o “Fragmentos” começa arrastado, demora para engrenar, mas melhora bastante a partir de “Coisa de Pele”, uma boa mistura de R&B com pagode.

Na segunda metade, o disco empolga ao incluir novas camadas de ritmos. O funk brasileiro e elementos do trap psicodélico de Travis Scott aparecem na sequência de “Cam Girl” (com Victoria Monét), “Calling Me” (com Luísa Sonza), “Energy” (com Ajuliacosta e Duquesa) e “Bota” (com Latto) – a última, com batida industrial e sombria, voz distorcida e letra proibidona, é um dos melhores funks da carreira de Ludmilla.

Apesar de irregular, o “Fragmentos” é o álbum de estúdio mais interessante da cantora. Diferentemente de trabalhos anteriores, tem conceito e propósitos claros. E tudo é suficientemente bem executado para manter Ludmilla no primeiro escalão do pop brasileiro.

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