Ana Maria Gonçalves, renomada escritora brasileira, será empossada como a 13ª mulher e a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta sexta-feira. Para a ocasião especial, profissionais da Portela, tradicional escola de samba do Rio de Janeiro, prepararam um traje exclusivo para a autora. Essa parceria entre a autora e a escola de samba iniciou-se em 2024, quando a Portela apresentou um enredo baseado no livro “Um Defeito de Cor” de Ana Maria Gonçalves, conquistando prêmios e impulsionando as vendas da obra.
O responsável pela coordenação e criação do traje é o carnavalesco André Rodrigues, que trabalhou em colaboração com a escritora para o desenvolvimento da peça. O traje, de cor verde-oliva escuro com detalhes dourados nas mangas e gola, foi inspirado no “fardão” utilizado pelos imortais da ABL. Além disso, elementos que remetem à trajetória de Ana Maria Gonçalves e à valorização da cultura negra estão presentes na indumentária.
Este momento marca um marco na história da academia, pois é a primeira vez que o traje de um imortal da ABL é produzido por uma escola de samba. A peça foi elaborada por três talentosos profissionais do ateliê no barracão da Cidade do Samba: João Vitor Ferreira, Raayane Costa e Anthony Albuquerque. A iniciativa reflete a capacidade da Portela em dialogar com diferentes universos artísticos e culturais, demonstrando a potência dos artistas envolvidos.
O presidente da Portela, Junior Escafura, ressaltou a importância cultural da agremiação e a relevância do momento. Ele destaca que a escola, historicamente formada por artistas negros, honra o legado de Paulo da Portela ao produzir uma criação para imortalizar uma mulher negra na ABL. Isso reforça a identidade da Portela e a capacidade de transformar a ancestralidade em arte, elevando o talento de Oswaldo Cruz e Madureira à imortalidade.
A produção do traje para a posse de Ana Maria Gonçalves na ABL é um exemplo de como a cultura, a arte e a história podem se entrelaçar de maneira poderosa. O simbolismo por trás da criação do traje ressalta a importância do reconhecimento e valorização da diversidade cultural brasileira, além de celebrar a contribuição de artistas negros para o cenário literário e artístico do país. A parceria entre a escritora e a Portela evidencia a força e a criatividade da cultura afro-brasileira, promovendo a representatividade e a inclusão em espaços tradicionalmente elitizados.




