A ministra Gleisi Hoffmann criticou a indicação do deputado Guilherme Derrite para a relatoria do projeto antifacção. Segundo ela, a escolha feita por Hugo Motta foi vista como um ato político deliberado, considerando que Derrite é o secretário de segurança pública de um governador declaradamente oposição ao presidente Lula e que planeja concorrer à eleição em 2026. Gleisi afirmou que tentou intervir para evitar a nomeação, argumentando que a escolha estava ‘contaminada com a questão política’. Segundo ela, o tema da segurança pública tem impacto direto nas eleições de 2026.
O governo discordou da indicação de Derrite, defendendo a escolha de um relator mais neutro para evitar a contaminação política no projeto. A ministra apontou que a rapidez com que Derrite apresentou o relatório, em apenas 24 horas, demonstrou problemas sérios, como equiparar facções a terrorismo e limitar a atuação da Polícia Federal. Gleisi questionou por que a proposta foi incluída na Lei Antiterrorismo, em vez de ser contemplada na lei de combate a facções enviada pelo governo.
A crítica mais dura de Gleisi foi direcionada à restrição da atuação da Polícia Federal proposta no relatório de Derrite. Segundo o parecer, a PF só poderia investigar organizações criminosas se autorizada pelo governador do estado. A ministra considerou essa medida como uma ‘loucura’ que beneficiaria o crime organizado, privando a polícia especializada de combater efetivamente as estruturas criminosas. Gleisi citou a Operação Carbono Oculto como exemplo do impacto negativo que a restrição traria para investigações como essa.
Em resumo, Gleisi Hoffmann destacou os problemas sérios no parecer de Guilherme Derrite, que, segundo ela, comprometem a eficácia do projeto antifacção. A ministra alertou que as propostas de equiparação aterrorismo e limitação da atuação da PF podem favorecer o crime organizado e enfraquecer a capacidade de combate às facções criminosas. A controvérsia em torno da indicação de Derrite para a relatoria ressalta a importância de escolhas técnicas e imparciais na elaboração de leis relacionadas à segurança pública.




