Estudantes da rede estadual criam lápis sustentáveis que viram plantas após o
uso em Pernambuco
Projetos desenvolvidos por alunos de Afogados da Ingazeira e Bezerros surgiram
no programa Miniempresas, que capacitou mais de 1.200 estudantes da rede pública
em 2025.
Ecopencil é desenvolvido por estudantes da Rede Estadual de Ensino —
Foto: Divulgação/SEE
O lápis é um dos materiais mais utilizados nas salas de aula e também um dos
que mais geram descarte. Em busca de soluções sustentáveis, estudantes de duas
escolas da Rede Estadual de Pernambuco desenvolveram versões ecológicas do
produto que podem se transformar em plantas após o uso.
As iniciativas surgiram a partir do programa Miniempresas, promovido pela ONG
Junior Achievement (JA) Pernambuco em parceria com a Secretaria de Educação de
Pernambuco (SEE).
Na Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Cônego João Leite, em Afogados da
Ingazeira, alunos da miniempresa “CJL Solutions” criaram um lápis que pode ser plantado após o
uso, dando origem a mudas de espécies como cenoura, coentro, couve, pimenta e
tomate-cereja. O grupo, formado por 20 estudantes e orientado pelos professores
Carla Santana e Alan Gustavo, buscou unir inovação e consciência ambiental.
Segundo Carla Santana, a iniciativa tem ampliado o aprendizado em gestão,
sustentabilidade e responsabilidade social. “O propósito maior é estimular o
empreendedorismo e a formação prática dos jovens. O lápis ainda funciona como
uma forma de contribuir para o reflorestamento e a preservação ambiental”,
afirma a orientadora.
O conjunto do lápis com semente acoplável e marcador de páginas é vendido por R$
6, e 20% do valor arrecadado será destinado à ONG Associação Caatinga, escolhida
pelos próprios estudantes. A entidade atua há mais de duas décadas na proteção
do bioma e no fortalecimento de comunidades rurais.
Em Bezerros, no Agreste, alunos da Escola Técnica Estadual (ETE) também desenvolveram um produto
com o mesmo propósito: o “Ecopencil”. Produzido a partir de pó de serra de
madeira de reflorestamento, grafite e sementes, o lápis ecológico pode ser
plantado após o uso. O projeto foi orientado pelos professores Willams Maciel,
Flávio Brayner e Amanda Clarindo.
“Esse produto não é apenas um instrumento de escrita, é um projeto pedagógico
que ensina produção, marketing e consciência ambiental. Ele une educação
prática, sustentabilidade e empreendedorismo em um produto com apelo social”,
explica Willams Maciel.
A estudante Isabelly Allany, integrante do grupo, destaca que a ideia nasceu do
desejo de reaproveitar resíduos. “Quando percebemos o quanto de pó de serra era
desperdiçado nas marcenarias, pensamos em dar uma nova vida a esse material.
Neste ano em que o Brasil sedia a COP30, entendemos ainda mais a importância de
atitudes como essa. É gratificante saber que podemos contribuir com pequenas
ações que refletem grandes mudanças”, diz.
Além da criação, os alunos participaram de feiras, organizaram finanças e
produziram conteúdos para redes sociais. “Está sendo uma experiência incrível
participar desse projeto. Ideias como essa mostram que com muito pouco podemos
mudar o mundo”, afirma o estudante Matheus Vitor.
PROGRAMA MINIEMPRESAS
O programa Miniempresas, que deu origem às duas iniciativas, busca ensinar
estudantes do ensino médio de escolas públicas a idealizar, organizar e operar
uma empresa real. Em 2025, mais de 1.200 alunos foram beneficiados.
Com encontros semanais e atividades práticas, os jovens aprendem conceitos de
economia de mercado, gestão e empreendedorismo, sob orientação de voluntários
treinados pela JA Pernambuco. A parceria reforça o compromisso da Secretaria de
Educação do Estado com uma formação que alia teoria, prática e protagonismo
juvenil.




