O governo Lula e seus aliados no Congresso não têm, pelo menos por ora, um plano definido para retomar a ‘paternidade’ do projeto de lei de combate ao crime organizado. Desde sexta-feira, a pauta está sob controle da direita, com a escolha de Guilherme Derrite, do PP, como relator. Aliados do governo consideram que o PL Antifacção, proposto originalmente pela gestão, foi ‘sequestrado’ pela direita e oposição. Mesmo com mudanças favoráveis aos governistas feitas por Derrite, a base aliada esperava que fosse adiante a proposta do Ministério da Justiça e Segurança Pública e não um texto relatado por um aliado de Tarcísio de Freitas.
Petistas acreditam que a indicação de Hugo Motta por Derrite, licenciado da Secretaria de Segurança Pública de SP, foi uma estratégia para fortalecer Tarcísio, potencial adversário de Lula em 2026. Deputados bolsonaristas comemoraram o controle sobre o projeto. ‘Quem ficará marcado como autor e negociador do projeto é um deputado da direita e forte aliado de Tarcísio’, disse um parlamentar. A base aliada ficou insatisfeita com a retirada de trechos do projeto original e a inclusão de pontos sugeridos por Derrite. O governo Lula e aliados buscam formas de reverter essa situação e retomar o controle da discussão sobre segurança no Congresso.
Desde as alterações feitas por Derrite, as críticas se intensificaram na base aliada. O relator retirou trechos que submetiam a participação da Polícia Federal em apurações sobre facções aos governos estaduais e desistiu de equiparar crimes dessas organizações a práticas terroristas. Contudo, houve inclusão de vários pontos do projeto original do governo. Apesar de atender às reclamações dos governistas, a base aliada esperava mais adesão ao projeto inicial. A escolha de Motta por Derrite levantou suspeitas entre aliados de Tarcísio de Freitas, que viram no movimento uma estratégia para influenciar o debate, mesmo que indiretamente.
