Bolsonaro completa 100 dias em prisão domiciliar na expectativa de ali
permanecer

Ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tramar um golpe de
Estado no país. Defesa deve pedir prisão domiciliar e, caso tenha recurso
negado, que ele cumpra sentença no Exército.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) completa nesta quarta-feira (12) cem dias em
prisão domiciliar com a expectativa de permanecer em casa no cumprimento de sua
sentença, de 27 anos e três meses de prisão.

Segundo amigos que visitaram o ex-presidente nos últimos dias, ele segue tenso,
com crises de soluços constantes, resultado de seu estado de saúde frágil e da
tensão provocada pela possibilidade de iniciar cumprir a pena na Penitenciária
da Papuda.

Bolsonaro não acha justo cumprir pena numa penitenciária. Por sinal, ele não
considera justa a sua condenação. Mas como sabe que não terá como reverter a
decisão do STF neste momento, espera permanecer na sua residência cumprindo
sua sentença.

Recursos de ex-presidente Jair Bolsonaro e outros seis condenados pela trama
golpista serão analisados a partir de 7 de novembro.

A pena de Bolsonaro é superior a oito anos e, por isso, deve ser cumprida em
regime inicial fechado. Porém, a definição de onde essa pena será cumprida só
poderá ser tomada após o fim dos recursos.

Os advogados de Bolsonaro vão entrar, assim que acabar a fase de recursos, com
um pedido para que ele cumpra sua sentença em prisão domiciliar. Se o pedido
for rejeitado num primeiro momento, os advogados devem pedir, então, que a
pena comece a ser cumprida numa dependência do Exército.

A defesa diz ter a convicção de que o ex-presidente tem direito de cumprir a
prisão, por ser um capitão reformado do Exército, numa sala num quartel do
Exército, tal como deve acontecer com os demais militares condenados pela
Primeira Turma de Supremo Tribunal Federal.

Os amigos que visitam Bolsonaro comentam que ele está realmente doente e que
não estaria em condições de ir para uma penitenciária. O ex-presidente mantém
o seu discurso de que a sua condenação foi injusta, porque ele não teria
tomado nenhuma medida concreta para evitar a posse do presidente Lula.

Bolsonaro ainda nutre a esperança de ter uma influência importante na campanha
presidencial do próximo ano, apoiando um nome da direita para enfrentar o
presidente Lula. Seus aliados dizem que, apesar de sua saúde frágil, sua força
política continua forte no país e ele será o principal eleitor da direita na
eleição do próximo ano.