Vereadora terá escolta policial após sofrer ameaças por criticar megaoperação no
RJ
Câmara do Rio aprovou reforço na segurança de Thais Ferreira (Psol) após ataques
racistas, misóginos e ameaças de morte que se intensificaram nas redes e nas
ruas após a vereadora criticar a ação policial que terminou com 121 mortos.
A vereadora Thais Ferreira (Psol) terá escolta policial a partir da próxima
semana após a Câmara Municipal do Rio aprovar, nesta quinta-feira (13), medidas
emergenciais de proteção em razão das ameaças que ela vem sofrendo
desde que criticou a megaoperação policial no Complexo do Alemão e na Penha.
A decisão foi tomada pela Presidência da Casa, em conjunto com a Comissão de
Direitos Humanos, depois do aumento do risco e da escalada dos ataques contra a
vereadora.
A parlamentar pediu reforço na segurança após registrar ocorrência na Delegacia
de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) relatando que passou a ser alvo de
ataques racistas, misóginos e ameaças de morte desde a terça-feira (28).
Segundo ela, os ataques começaram logo após suas críticas à atuação da Polícia
Militar durante a megaoperação.
“O que enfrento não é apenas contra mim, é contra todas nós. Tivemos um retorno
firme e comprometido da presidência da Casa para que possamos exercer o mandato
com segurança. Esperamos que os responsáveis sejam identificados e possam
responder à justiça”, afirmou Thais Ferreira.
ATAQUES NAS REDES E AMEAÇAS DIRETAS
Entre os comentários recebidos, um usuário do X (antigo Twitter) chamou a
vereadora de “uma faccionada” e escreveu que ela “precisa ser torturada e
morta”.
Em outra mensagem, enviada pelo Facebook, uma pessoa escreveu: “Todos vcs tem
que ser executados lixo refugo”.
Além das ameaças virtuais, a vereadora relatou episódios presenciais. Em
entrevista ao DE, Thais afirmou que sua principal preocupação é a segurança dos
filhos.
> “Além de terem desejado que eles fossem exterminados por tiros de fuzil, uma
> pessoa desconhecida disse pra um deles, na rua, ‘o pessoal do Bolsonaro vai
> matar sua mãe’”, contou.
Ela ressaltou ainda que os ataques não se tratam apenas de discordância
política.
“São ataques à minha existência como mulher negra, mãe e parlamentar. E refletem
o quanto o ódio, o racismo e o machismo ainda estruturam a política e as redes
sociais no Brasil”, disse.
MEDIDAS EMERGENCIAIS
O novo pedido de proteção feito pela vereadora — o segundo ofício formal enviado
à Mesa Diretora em menos de dois meses — apontou que as ameaças se
intensificaram e passaram a envolver também familiares.
Após análise de risco anexada ao ofício, que indica que um dos envolvidos nas
ameaças tem ligação com células neonazistas, a Câmara aprovou as seguintes
medidas:
Escolta cedida pela Câmara Municipal, em caráter excepcional, até avanço das
investigações e identificação dos autores;
Posicionamento público da Mesa Diretora sobre os encaminhamentos adotados;
Solicitação ao Governo do Estado para garantir as prerrogativas parlamentares
de Thais, incluindo reforço de segurança;
Pedido formal à DRCI e à Polícia Civil para dar celeridade às investigações.
A vereadora não está afastada do mandato e continuará exercendo suas funções.
Subiu para 121 o número de mortos na operação policial mais letal da história do
Rio de Janeiro.




