Narrador esportivo vira réu por mandar matar ex após ameaçá-la com vídeos em
casa de swing
George Antonio Lunardi, de 64 anos, foi denunciado por tentativa de feminicídio
qualificada. Ele é acusado de mandar uma mulher atirar na ex-companheira, que
foi baleada nas costas e ficou paraplégica.
Acusado de tentar matar ex-companheira em Santos vai a júri por tentativa de
feminicídio
A Justiça de Santos, no litoral de São Paulo, tornou réu o radialista e narrador esportivo George
Antonio Lunardi, de 64 anos, por tentativa de feminicídio qualificada. Ele é
acusado de mandar uma mulher atirar na ex-companheira, de 27 anos, que foi
baleada nas costas e ficou paraplégica.
A suposta atiradora, identificada como Elisabete Cristina Matias dos Santos,
também virou ré, mas está foragida da Justiça junto com a filha de 15 anos, que a acompanhou no crime.
O crime ocorreu no bairro Bom Retiro, em 3 de setembro. Segundo apurado pelo DE,
a vítima disse para polícia que era constantemente ameaçada de morte por George,
além de já ter sido chantageada por ele com vídeos dela gravados em casas de
swing. Ela já havia denunciado o ex três vezes desde o fim do relacionamento.
Segundo o boletim de ocorrência, Elisabete teria disparado cinco vezes na
direção da vítima, que foi atingida nas costas e ficou paraplégica. A jovem
recebeu alta hospitalar após passar quase dois meses internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Santos.
A paraplegia se dá quando ocorre a perda parcial ou total dos movimentos e da
sensibilidade da metade inferior do corpo, ou seja, as pernas e parte do tronco.
DENÚNCIA
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ofereceu denúncia contra George e
Elisabete por corrupção de menores e tentativa de feminicídio qualificada por
motivo torpe, recurso que impossibilitou defesa da vítima e em descumprimento de
medida protetiva.
O juiz Alexandre Betini, da Vara do Júri e Execuções, aceitou a denúncia na
última semana e manteve a prisão preventiva dos acusados.
> “É fato notório que o delito descrito na denúncia é de tamanha crueldade que
> causou desassossego e inquietação da sociedade, notadamente em razão da
> periculosidade concreta dos agentes que teriam tentado ceifar a vida da
> vítima, armando uma emboscada e, caso permaneçam em liberdade poderão
> furtar-se à aplicação da lei penal”, argumentou Betini.
Segundo apurado pelo DE, George é radialista e trabalhou como narrador esportivo
em rádios da Baixada Santista.
DEFESA
Em nota, a defesa do radialista, representada pelo advogado Tércio Neves
Almeida, informou que manifesta solidariedade à vítima e à família. O advogado
informou que não teve acesso a laudos periciais e imagens das câmeras. Segundo
ele, esses documentos e os demais elementos técnicos deverão ser analisados pela
defesa.
Almeida afirma que as acusações contra George “têm caráter hipotético” até o
momento. “Elas se apoiam em relatos isolados, colhidos ainda na fase inicial da
investigação, sem a presença da defesa, o que naturalmente exige cautela quanto
ao valor que se pode atribuir a esses depoimentos”, afirmou.
A defesa ainda falou sobre Elisabete, argumentando que a ausência dela cria uma
“lacuna” na compreensão dos fatos. “Sem ouvir todos os envolvidos e sem examinar
todos os elementos técnicos, qualquer conclusão seria precipitada e até injusta.
O que a defesa reivindica é prudência”, afirmou, em nota. Ele afirmou que a
investigação deve prosseguir para que todas as provas sejam produzidas e
confrontadas.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com o relatório da Polícia Civil, obtido pela equipe de reportagem, as
investigações apontaram que Elisabete, de 33 anos, e a filha, de 15, foram
contratadas pelo ex-marido da vítima, George Antonio Lunardi, para executar o
crime.
Elas foram levadas no carro de George até a academia onde estava a vítima. A
dupla ficou na esquina da Avenida Jovino de Melo com a Rua Cecília Meirelles
esperando a jovem sair da academia.
A vítima saiu da academia e estava indo para casa, quando passou pelas duas
mulheres. No vídeo, é possível ouvir Elisabete intimidando a jovem e dizendo:
“Vai tomar uns pipocos agora”.
Por volta das 22h37, Elisabete efetuou um disparo nas costas da jovem, que caiu
na calçada e ficou paraplégica. Mesmo com a vítima no chão, ao menos outros
quatro tiros puderam ser ouvidos na sequência.




