Hugo Motta decidiu adiar a votação do projeto de lei antifacções com o intuito de promover um debate mais abrangente e impedir que questões políticas se sobreponham aos interesses da sociedade. Ele enfatizou que não quer que o relator da proposta, Guilherme Derrite (PP-SP), ou o presidente Lula sejam vistos como vencedores com a aprovação do projeto. Após um pedido conjunto de líderes partidários, governadores e do próprio governo, a votação foi remarcada para a próxima terça-feira.
Motta enfatizou a importância de um debate sério e responsável, afirmando que sua prioridade é fortalecer as leis para garantir que criminosos sejam presos e permaneçam na cadeia. Ele destacou a fragilidade das leis existentes no Brasil como um obstáculo para esse objetivo.
Derrite, por sua vez, apresentou uma nova versão do parecer, corrigindo pontos criticados pelo governo. Entre as mudanças, ele incluiu a classificação do termo ‘facção criminosa’ na legislação e destinou parte dos recursos de bens ilícitos apreendidos à Polícia Federal. O adiamento da votação foi atribuído à necessidade de mais tempo para debater a proposta, que será o único item da pauta da próxima sessão.
O embate político em torno do projeto reflete interesses divergentes entre oposição e governo, que buscam capitalizar politicamente o tema da segurança pública em um ano eleitoral. A disputa de narrativas envolve críticas à atuação do relator e alertas sobre possíveis impactos na Polícia Federal. O adiamento da votação não representa necessariamente uma vitória para o governo, que enfrenta dificuldades para garantir apoio na Câmara dos Deputados.
A estratégia de pressão exercida pelo governo e pelo PT nas redes sociais contra os deputados envolvidos na questão foi criticada por aliados de Motta, que alertam para o risco de inserção de propostas indesejadas no texto final. A manobra do presidente da Câmara visa garantir um debate amplo e construtivo em torno do projeto, priorizando os interesses da sociedade e da segurança pública.