Empresário condenado a 73 anos por estuprar filha e enteadas é preso em São
Paulo
Homem de 43 anos foi localizado no Tatuapé, na capital, nesta segunda (17), dia
em que a Justiça de Campinas, onde os crimes foram cometidos, pediu a inclusão
do nome do então foragido na “Difusão Vermelha da Interpol”.
Violência e abuso sexual infantil: veja os sinais e saiba como proteger as
crianças [https://s02.video.glbimg.com/x240/10778737.jpg]
O empresário condenado a 73 anos de reclusão pelos estupros da filha e de duas
enteadas, em Campinas (SP),
[https://de.de.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/08/27/homem-que-estuprou-enteada-no-dia-do-nascimento-da-filha-e-condenado-a-73-anos-de-prisao.ghtml]foi
preso nesta segunda-feira (17), em São Paulo (SP). Havia um mandado de prisão em
aberto contra ele desde outubro, e a captura ocorreu no mesmo dia em que a
Justiça havia determinado a inclusão do seu nome do chamada “Difusão vermelha da
Interpol”.
Prestes a completar 44 anos – faz aniversário no dia 21 -, o condenado foi
localizado em uma rua na região do Tatuapé, na capital.
Segundo relato dos PMs à Polícia Civil, o empresário não resistiu a prisão e
informou que estava no local havia cerca de 30 dias para “se esconder”.
Após o registro da captura, o condenado foi encaminhado ao IML para exames,
antes de ser transferido para uma unidade prisional. O de não conseguiu
localizar a defesa do empresário.
Entre os crimes pelos quais o empresário foi condenado, em processo já
transitado em julgado, está a prática de sexo oral e anal contra a enteada de 11
anos, ocorridos no dia do nascimento da filha.
O homem de 43 anos foi condenado em primeira instância pelo crime de estupro de
vulnerável em julho de 2024, quando foi sentenciado a 95 anos de prisão pela
violência praticada contra a filha e as duas enteadas.
Após recurso em segunda instância, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP)
manteve a condenação do homem, mas reformou a sentença, fixada em 73 anos, 9
meses e 21 dias de prisão em regime fechado. A decisão foi tomada em novembro de
2024.
Posteriormente, a defesa do réu entrou com um pedido de agravo regimental no
Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não foi conhecido pelos ministros da
turma por unanimidade. A decisão foi proferida em 13 de agosto, publicada no dia
20, e o de teve acesso no dia (26).
Com o trânsito em julgado do processo – ou seja, a decisão se torna definitiva e
não pode mais ser contestada judicialmente -, ele retornou ao foro de origem, e
em 3 de outubro o juiz da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher de Campinas [https://de.de.globo.com/sp/campinas-regiao/cidade/campinas/] expediu a ordem para expedição do mandado de prisão do condenado
[https://de.de.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/10/03/justica-determina-prisao-de-homem-condenado-a-73-anos-por-estuprar-filha-e-enteada.ghtml].
A mãe das meninas conta que só descobriu dos abusos quando a filha mais nova,
fruto do relacionamento com o réu, tinha 7 anos, e relatou que “o papai enfiou o
dedo onde sai meu cocô”.
Nesse momento, a filha mais velha começou a chorar, e ela pensou que seria por
conta da história da irmã mais nova. “Ela falou que não aguentava mais segurar
tudo isso, e aí a minha outra filha também falou. Meu mundo desmorou ali”.
Ela havia se separado quando a filha tinha um ano e meio, após descobrir uma
traição, mas conta que manteve o relacionamento próximo por conta das meninas,
que o tinham como pai – sempre presente, de frequentar reuniões escolares e
levar ao médico, detalha.
“Ele não foi bom como marido, porque me traiu, mas passava a imagem de excelente
como pai”, recorda.
Essa imagem, no entanto, escondia um cenário de violência sexual reiterada
contra as meninas.
Em um dos episódios narrados pelas vítimas, e descritos no processo, a enteada
de 11 anos foi abusada por três dias seguidos, em práticas que incluíam sexo
oral e anal, enquanto a mulher estava no hospital para o nascimento da filha do
casal.
> “O primeiro caso quando aconteceu eu estava no hospital ganhando a filha dele.
> Ele foi em casa buscar roupa com a minha filha para levar para mim no
> hospital, foi quando ele abusou dela”, conta.
Os episódios de estupro das enteadas se sucederam enquanto estavam separados,
uma vez que as meninas acompanhavam a irmã mais nova nos períodos em que ficavam
com o pai.
Por conta dos abusos, a mais velha, quando tinha 13 anos, narra a mãe, começou a
se vestir de forma masculinizada para tentar diminuir o interesse do abusador.
> “Com 13 anos ela começou a se vestir igual homem dentro de casa, e achei que
> estava com outros interesses. Na verdade, depois ela me contou que ela fazia
> tudo aquilo para se esconder dele, esconder o corpo. Eu me senti um lixo de
> mão, porque eu não vi, não percebi. Só depois, ao encontrar grupos de mães,
> ouvi histórias parecidas, e entendi que ele não era só um abusador de criança,
> um estuprador, era um psicopata”, afirma.
A série de estupros abalou as meninas, que enfrentam crises de pânico,
mutilações e até tentativa de suicídio.
A mãe, aos 41 anos, conta que não conseguiu mais estabelecer um relacionamento
depois do episódio. Ela já havia se separado quando as primeiras filhas eram
pequenas, e o pai acabou as abandonando.
> “Você não consegue confiar em mais ninguém. Porque se o próprio pai foi capaz
> de fazer isso, quem mais você consegue confiar?”, indaga.
A demora para o cumprimento da pena, segundo ela, amplia ainda mais os impactos
de toda a violência que as filhas sofreram e gera medo na família.
“A gente vive mudando de endereço por medo, escondemos o endereço de todo o
mundo por medo”, revela.




