Golfinhos de Noronha criam ‘jogo’ cultural com algas: pesquisas mostram comportamento inovador

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Golfinhos de Fernando de Noronha criam ‘jogo’ com algas com objetivo cultural,
apontam pesquisas

Pesquisadores registram em Noronha comportamento cultural entre
golfinhos-rotadores que também acontece no Havaí.

Algas são usadas por golfinhos para ‘jogo’ cultural em Fernando de Noronha

Pesquisadores de Fernando de Noronha e do Havaí
observaram que golfinhos jovens e adultos costumam carregar algas flutuantes,
principalmente do gênero Sargassum. Segundo os estudiosos, esse “jogo” tem
finalidade cultural (veja vídeo acima).

O comportamento ocorre quando o golfinho pega a alga no rostro ou na nadadeira
peitoral e passa a carregá-la, alternando o “objeto” entre a nadadeira dorsal e
a caudal.

A brincadeira inclui soltar a alga e recuperá-la várias vezes, usando diferentes
partes do corpo. Em um dos registros, dois animais revezaram a mesma alga por
cerca de dez minutos. Em outros momentos, dois ou três membros do grupo
carregaram algas ao mesmo tempo.

“Observamos que esse comportamento é uma forma de interação. É um jogo que ajuda
os golfinhos a desenvolver habilidades na água. Isso funciona como exercício
físico e até como treinamento para capturar alimento e enfrentar tubarões”,
afirmou o coordenador do Projeto Golfinho Rotador, José Martins.

O pesquisador destacou outro ponto importante sobre o comportamento dos animais.
“Essas algas são usadas para interação. Os golfinhos-rotadores criam vínculos,
como se fossem colegas de uma partida de futebol”, disse Martins.

Em Noronha e no Havaí, os pesquisadores também observaram um comportamento
preocupante: golfinhos usando lixo no lugar das algas. Em um dos registros na
ilha, um animal carregava uma flanela de câmera que caiu de um barco.

Segundo os estudiosos de Fernando de Noronha, no Havaí alguns golfinhos foram
vistos brincando com sacos plásticos da mesma forma que fazem com algas.

Para Martins, o comportamento acende um alerta. “É perigoso porque os golfinhos
podem achar que o plástico é algo orgânico e acabar ingerindo. Além disso, esses
materiais interferem nas interações sociais dos animais”, afirmou.

O estudioso acrescentou que, assim como algas e esponjas, sacos plásticos e
outros resíduos passaram a fazer parte do comportamento dos golfinhos — um
reflexo claro da interferência humana no ambiente marinho.

PROJETO GOLFINHO ROTADOR

Criado em 1990, o Projeto Golfinho Rotador desenvolve pesquisas e ações de
conservação dos golfinhos em Noronha, com apoio do Programa Petrobras
Socioambiental.

A ONG também promove oficinas culturais, incentiva o surfe entre jovens e
desenvolve atividades educativas nas escolas da ilha.

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