Os atendimentos por pneumonia na região de Campinas (SP) quase dobraram neste ano, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Entre janeiro e agosto de 2025, foram registrados 17.890 atendimentos no Departamento Regional de Saúde de Campinas, contra 8.978 no mesmo período de 2024 — um aumento de 99,26%.
Apesar da alta nos atendimentos, o número de internações caiu. No mesmo intervalo, foram 6.443 internações em 2025, ante 7.271 em 2024. Em todo o estado de São Paulo, os casos também cresceram. Foram 202.357 atendimentos por pneumonia entre janeiro e agosto deste ano, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 167.263 registros.
Maria José dos Santos, agricultora, já enfrentou três episódios de pneumonia nos últimos anos. “Menos de três meses atrás eu tive de novo pneumonia. Tomei os medicamentos, melhorei, mas agora estou com pneumonia de novo”, contou. Ela precisou procurar atendimento em Campinas após sentir fraqueza, dor intensa e falta de ar. O filho dela também foi diagnosticado com pneumonia e chegou a ficar sete dias na UTI. “Passou um mês internado”, relatou.
Ana Tereza Alves, auxiliar de limpeza de Sumaré (SP), teve sintomas confundidos com gripe. “No terceiro médico que eu passei, pedi para fazer um raio-x. Foi quando constatou que eu estava com pneumonia”, disse. Mais de um mês depois, mesmo após o tratamento com antibióticos, ela ainda sente falta de ar e tosse persistente.
Segundo João Carlos de Jesus, pneumologista do Hospital Vera Cruz, a baixa cobertura vacinal é um dos principais fatores. Ele alerta que a gripe e outras viroses respiratórias podem evoluir para quadros graves quando não há proteção adequada. Além da vacinação insuficiente, o especialista cita condições ambientais. “Neste ano, tivemos momentos no inverno com umidade do ar menor que 10%, semelhante à de um deserto, aumentando o risco de infecções respiratórias”, afirmou. A poluição também contribui para irritação das vias aéreas, facilitando infecções.
Segundo Rodrigo Abensur Athanazio, pneumologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, a pneumonia é uma infecção que provoca inflamação no tecido pulmonar e pode ser grave. Os principais sintomas incluem febre persistente por mais de 48 horas, tosse, dificuldade para respirar, dor no peito e, em idosos, sinais como confusão mental também exigem atenção imediata. Entre os grupos de risco estão crianças, idosos, pessoas com doenças crônicas (como diabetes e problemas cardíacos) e pacientes imunossuprimidos. Para prevenir a doença, o pneumologista reforça a importância de manter alimentação equilibrada, hidratação, atividade física, evitar fumar e adotar cuidados básicos como higiene das mãos e uso de máscara em casos de sintomas respiratórios.




