Presidente de Câmara é investigado por rachadinha em Iguape (SP): servidor expõe desconto maior no salário

presidente-de-camara-e-investigado-por-rachadinha-em-iguape-sp3A-servidor-expoe-desconto-maior-no-salario

Servidora expõe rachadinha e reclama de ‘desconto’ maior no salário; presidente de Câmara é investigado
O vereador Eduardo de Lara (Republicanos), presidente da Câmara de Iguape (SP), é investigado desde outubro de 2024 por peculato envolvendo dez servidores. Na última semana, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou seu afastamento do cargo.

Eduardo Lara foi denunciado por esquema de rachadinha pelo MP — Foto: Redes sociais e Reprodução

Uma servidora comissionada da Câmara de Iguape (SP) relatou a uma amiga que o presidente da Casa, Eduardo de Lara (Republicanos), desviava R$ 500 a mais do salário dela em relação ao de uma colega também funcionária pública. O parlamentar é investigado pelo Ministério Público (MP) sob suspeita de se apropriar de R$ 202 mil em vencimentos, em um suposto esquema de rachadinha.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou, na última semana, o afastamento do vereador investigado por peculato (crime contra a administração pública). Desde outubro de 2024, ele é alvo de apurações por supostamente se beneficiar de vantagens indevidas envolvendo dez servidores.

Segundo a denúncia, o parlamentar exigia parte dos salários dos comissionados, em valores entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil, como condição para mantê-los nos cargos. O esquema, conhecido como rachadinha, teria funcionado entre 2021 e junho de 2025.

O MP anexou conversas entre o vereador e servidores comissionados que reforçam a suspeita de rachadinha. Nas mensagens, Eduardo definia quanto cada funcionário deveria devolver do salário e organizava um sistema mensal de recolhimento por meio de intermediários.

O DE teve acesso a mensagens trocadas em 2022 em que uma servidora reclama a uma amiga que o valor exigido de seu salário era maior do que o de outra colega. Nas conversas, ela afirma repassar R$ 2 mil, enquanto a funcionária pública entregava R$ 1,5 mil.

A Justiça de Iguape determinou em 4 de novembro o afastamento do vereador em primeira instância, impondo medidas cautelares como a proibição de acessar a Câmara, de manter contato com servidores e o pagamento de fiança de R$ 82 mil — valor que funciona como garantia para que ele cumpra as regras durante a investigação.

Na denúncia, o MP também pediu a condenação do vereador por danos morais coletivos, com indenização de R$ 300 mil.

A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) com um pedido de habeas corpus, alegando que a decisão representava constrangimento ilegal e que a investigação se baseava apenas em denúncia anônima, sem provas ou diligências prévias.

Na última quinta-feira (13), o desembargador Geraldo Wohlers negou a liminar. Para o relator, a decisão da juíza estava bem fundamentada, com indícios suficientes de materialidade e autoria, além de risco de interferência do vereador na investigação.

O DE solicitou informações à Câmara Municipal de Iguape, mas não obteve resposta. A defesa de Eduardo de Lara também foi procurada.

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp