Duas novas prisões ocorreram por suspeita de desvio de verba de emendas parlamentares na Câmara de Ipojuca, com a detenção do presidente do Instituto Filhos de Ipojuca, vinculado ao líder da Casa, Flávio do Cartório (PSD), na terça, e de um empresário que atuava para o município. A Polícia Civil efetuou as prisões na quarta-feira (19) no desdobramento da Operação Alvitre II, que apura o suposto desvio de mais de R$27 milhões em emendas parlamentares na cidade de Ipojuca, localizada no Grande Recife. Entre os detidos na operação estão o presidente do Instituto Filhos de Ipojuca, associação ligada ao vereador Flávio do Cartório (PSD), presidente da Câmara Municipal, e um empresário prestador de serviços ao município.
Segundo as autoridades policiais, foram expedidos três mandados de prisão, sendo que um deles foi cumprido na noite anterior, contra Flávio do Cartório, junto do vice-presidente da Câmara Municipal, Professor Eduardo (PSD). Ambos foram detidos em um supermercado na capital pernambucana, com uma quantia aproximada de R$17 mil em espécie, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro. As informações detalhadas da ação foram reveladas na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco, localizada no bairro do Torreão, em Recife.
Os desdobramentos da investigação apontam que o Instituto Filhos de Ipojuca teria recebido mais de R$12 milhões entre os anos de 2022 e 2025. A associação inicialmente destinava cerca de R$250 mil para atividades de escolinhas de futebol na região, mas depois passou a movimentar quantias milionárias por meio dos repasses parlamentares, além de oferecer serviços na área de saúde sem possuir a estrutura adequada. O esquema envolveria o uso de emendas parlamentares impositivas por parte dos vereadores do município.
As investigações ainda estão em andamento, e novos dados vêm à tona. Diversas instituições foram beneficiadas pelo esquema investigado, incluindo o Instituto de Gestão de Políticas Públicas do Nordeste (IGPN), que teria recebido pelo menos R$6,3 milhões de nove emendas parlamentares. Pelo menos quatro pessoas associadas ao instituto estão sob investigação, como as advogadas Eva Lúcia Monteiro e Edjane Silva Monteiro, além de Maria Netania Vieira Dias e José Gibson Francisco da Silva, apontados como envolvidos no esquema.
O Instituto Nacional de Ensino, Sociedade e Pesquisa (Inesp), também citado no inquérito, teria recebido recursos milionários para cursos de capacitação, com planos de trabalho questionáveis e orçamentos superdimensionados. O cenário envolvendo o desvio de emendas parlamentares na Câmara de Ipojuca suscitou a morte de uma professora universitária ligada a uma das mulheres investigadas no caso, destacando a gravidade das consequências desse esquema investigado pelas autoridades. Os desdobramentos continuam, e a polícia segue aprofundando as investigações sobre o caso.




