BRB e Master: Tribunal de Contas do DF vai analisar nova denúncia sobre transações entre os bancos
Na terça, operação da PF e do MP revelou indícios de que BRB comprou crédito
fantasma do Banco Master para viabilizar, em seguida, a compra do próprio banco. Diretores do Master foram presos, e do BRB, afastados.
BC sofreu pressões de políticos para aprovar a venda do Master para o DE
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O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) recebeu nova denúncia nesta quarta-feira (19) pedindo o aprofundamento das investigações sobre as transações entre o Banco Master e o Banco de Brasília (BRB).
A representação foi protocolada pelo Ministério Público de Contas do DF e inclui indícios de que o BRB teria comprado carteiras de crédito fraudadas para contornar restrições impostas pelo Banco Central – e viabilizar a aquisição do Banco Master.
Essas mesmas suspeitas compõem parte da operação Compliance Zero, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
Na terça (18), o dono do Master, Daniel Vorcaro, e outros seis suspeitos foram presos. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e um dos diretores da instituição foram afastados do cargo.
Ao longo de meses, o BRB tentou fechar um acordo para comprar o Banco Master
[https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/11/18/relembre-a-tentativa-do-brb-de-comprar-o-banco-master.ghtml]. A operação tinha o apoio do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), mas foi barrada pelo Banco Central.
O BRB é uma empresa de economia mista, de capital aberto, e o acionista majoritário é o governo do Distrito Federal (71,92%).
PF prende presidente do banco Master e justiça afasta presidente do BRB
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Segundo o MP de Contas, os fatos revelados pela operação Compliance Zero sugerem:
falhas de governança no BRB;
ausência de diligência prévia adequada;
riscos aos cofres públicos do DF.
O MP também pede que o Tribunal de Contas do DF dê uma decisão imediata (cautelar) que impeça o BRB de fazer novos pagamentos ao Banco Master.
O Tribunal de Contas do DF já tinha recebido outras duas representações, ao longo deste ano, sobre as tratativas para a compra do Banco Master pelo BRB. O novo pedido deve tramitar em conjunto, no mesmo processo que já tinha sido aberto.
A representação só deve ser divulgada na íntegra quando for analisada pelo plenário do Tribunal de Contas do DF – a data para essa análise ainda será marcada.
‘CAMARADAGEM’ E ‘PROCEDIMENTOS ESCUSOS’
Segundo documentos obtidos pela TV Globo que embasaram a operação desta terça, o
BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$
12,2 bilhões envolvem operações em que há fortes indícios de fraude.
Para se ter ideia, ainda de acordo com o documento, o BRB só poderia “se expor”
(ou seja, colocar ativos sob risco) em cerca de R$ 753 milhões com um único cliente.
O valor repassado ao Banco Master foi mais de 20 vezes maior que o permitido.
É viável e plausível a hipótese investigativa […] que ‘a substituição entre
os créditos BRB-Master ocorreu por pura camaradagem, em desacordo com a
formalidade do instrumento contratual firmado, mas como tentativa de abafar a
fiscalização das operações e preocupações dela decorrentes'”, diz a decisão
judicial que autorizou a prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, nesta
terça-feira (18)
[https://de.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/11/18/pf-prende-daniel-vorcaro-dono-do-banco-master.ghtml].
O juiz Ricardo Leite destaca ainda que podem ter sido adotados “procedimentos
escusos pela gestão do BRB para viabilizar e promover a liquidez do Banco
Master”
[https://de.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/11/18/brb-injetou-r-167-bilhoes-no-banco-master-entre-2024-e-2025-mp-ve-indicios-de-gestao-fraudulenta.ghtml].
Em linhas gerais, segundo as investigações:
O Banco Master emitiu R$ 50 bilhões em certificados de depósito bancário
(CDBs, um tipo de título financeiro) prometendo juros acima das taxas de
mercado e sem comprovar que tinha liquidez, ou seja, que conseguiria pagar
esses títulos no futuro.
Para reforçar essa impressão de liquidez, o Master aplicou parte do dinheiro
dos CDBs em ativos que não existem, comprando créditos de uma empresa
chamada Tirreno.
O Master não pagou nada por essa compra, mas logo em seguida vendeu esses
mesmos créditos ao BRB – que pagou R$ 12,2 bilhões, sem documentação, para
“socorrer” o caixa do Banco Master.
Essas transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o
próprio Banco Master – e convencer os órgãos de fiscalização de que a
transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o
governo do DF.
Os investigadores ainda apuram “as razões pelas quais o BRB desconsiderou
irregularidades graves nas operações”.
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