Ser quilombola é uma verdadeira conexão com os ancestrais, é ouvir a terra falar e guiá-lo para onde seguir. No Quilombo da Pedra Bonita, localizado na Floresta da Tijuca do Rio de Janeiro, essa conexão é ainda mais forte. Fundado por negros e indígenas por volta de 1860, antes mesmo da abolição da escravidão, o quilombo da Pedra Bonita tem mais de 160 anos de história. A luta dos descendentes desses fundadores é incessante para preservar a memória, a terra e a paisagem que compõem essa comunidade.
Localizado no coração da Floresta da Tijuca, uma das maiores florestas urbanas do mundo, o Quilombo da Pedra Bonita é considerado um dos mais antigos do Rio de Janeiro. Mesmo com grande parte da história não documentada, a tradição oral mantém viva a memória desses ancestrais. No Dia da Consciência Negra, remanescentes do quilombo compartilham parte dessa memória e da luta pela preservação da natureza e da riqueza histórica do território.
A comunidade quilombola da Pedra Bonita é formada por diferentes núcleos, como o Sítio Monte Zumba e o Sítio do Meio, e carrega consigo uma história rica e ancestral. Ruínas da casa do Escravo Veríssio lembram o passado de fugas e resistência, enquanto árvores sagradas protegem esses locais históricos. Uma vez utilizados para a produção de carvão, os ex-escravizados deixaram marcas que resistem até os dias atuais, mostrando a importância dessa comunidade na preservação e reflorestamento da região.
Além da preservação ambiental, os quilombolas lutam para manter o horário restrito de visitação do parque e assim preservar o ciclo natural dos animais. A ligação com a natureza é essencial para essa comunidade e faz parte do seu modo de vida e de resistência. Mesmo diante de desafios, como tentativas de invasões e precariedade no acesso a serviços públicos, a comunidade quilombola da Pedra Bonita segue firme na sua luta por reconhecimento e serviços básicos, contando com o apoio da Defensoria Pública do Rio e do Núcleo de Combate ao Racismo.
O reconhecimento oficial como povo quilombola pela União veio em 2003, após quase 140 anos da chegada das primeiras famílias ao Quilombo da Pedra Bonita. Essa certificação trouxe consigo o conhecimento dos direitos da comunidade, fortalecendo a defesa do território e a manutenção das tradições e da cultura quilombola. Falar com os ancestrais, preservar as tradições e respeitar o saber ancestral são valores fundamentais para os quilombolas da Pedra Bonita.
A música “Os Filhos da Terra”, criada pela comunidade quilombola da Pedra Bonita, expressa em versos a conexão com o território e a ancestralidade, revelando a resistência e a riqueza cultural dessas comunidades. Essa identidade quilombola é parte essencial da história do Rio de Janeiro e do Brasil, representando uma parte significativa da diversidade e da memória do país. A luta dos quilombolas da Pedra Bonita é um exemplo de resistência e pertencimento, mostrando a importância de preservar e celebrar as raízes de um povo.
