Motorista diz à polícia que quebrou para-brisa com pedra achada no Rodoanel e montou falsa bomba com itens da cabine
Dener Laurito dos Santos assumiu nesta quarta-feira (19) em depoimento à polícia que simulou toda a situação da semana passada. O DE chegou a ser interditado na altura do km 44 por cinco horas, causando 40 km de congestionamento.
Motorista do DE confessa que bomba era falsa e se amarrou sozinho
O motorista de carreta Dener Laurito dos Santos, de 52 anos, que informou ter sido amarrado a explosivos na cabine do caminhão no DE Mário Covas, na Grande São Paulo, afirmou à polícia nesta quarta-feira (19) que tudo não passou de uma simulação. Ele confessou ter arremessado a pedra que quebrou o para-brisa do caminhão e que a falsa bomba encontrada na cabine foi feita com fio de fone, fita crepe, papel-alumínio, água e um tubo de gás que usava para cozinhar.
Dener foi indiciado por falsa comunicação de crime, conforme o artigo 340 do Código Penal.
O DE é um importante anel viário que contorna o entorno da capital paulista e passa por cidades da Grande SP conectando algumas das principais rodovias de São Paulo, como Imigrantes e Anchieta (que levam ao litoral do estado e ao porto de Santos), Régis Bittencourt (que vai no sentido Curitiba), Dutra (que leva ao Rio de Janeiro), Bandeirantes, Anhanguera e Castelo Branco (em direção ao interior paulista), e Fernão Dias (que segue no sentido Minas e está parcialmente conectada ao anel viário).
Segundo o depoimento prestado na Delegacia Seccional de Taboão da Serra, Dener disse que trabalha como motorista há mais de 20 anos. Ele contou que, na noite anterior do caso, enquanto pernoitava em um posto na Rodovia dos Bandeirantes, montou o artefato falso com materiais que tinha na cabine.
Na manhã seguinte, seguiu viagem e, ao começar a passar mal, parou o caminhão no km 32. Ele desceu da cabine, encontrou uma pedra, que reconheceu como a apreendida pela polícia (veja abaixo), e a arremessou contra o para-brisa. Depois, andou poucos metros, ligou para um conhecido e comunicou falsamente que havia sido roubado.
Dener relatou que, com o caminhão parado, deu continuidade ao plano, amarrando as próprias mãos para simular ter sido rendido. Disse que desmaiou por conta do estresse e só recobrou a consciência quando outros motoristas entraram na cabine para socorrê-lo.
Já na ambulância, soube que o veículo havia sido rebocado e entrou em estado de choque, recuperando-se apenas no hospital, onde foi atendido pelo Gate.
No depoimento, afirmou ainda que não usa drogas nem medicamentos controlados e que a pressão teria baixado devido às condições emocionais. Disse que não teve ajuda de ninguém, que a escolha do local foi aleatória e que não mediu as consequências do que fez.
INVESTIGAÇÃO
Segundo os investigadores, durante o interrogatório os policiais confrontaram Dener com inconsistências entre o relato anterior dele e o que havia sido apurado até então. Diante dos questionamentos, o motorista admitiu que forjou toda a situação. Quando ele confessou, não se emocionou.
A polícia tem uma imagem de uma câmera de segurança, de longe, que mostra quando o motorista para, faz xixi e ele mesmo joga a pedra no caminhão. Isso teria dado início ao que Dener chamou de “ataque”.
Um motorista de um carro que aparece nas imagens de câmeras de segurança já tinha dito à polícia que a carreta passou a fechar seu veículo pouco antes do ponto onde acabou atravessada na pista.
Ressaltou também que acelerou para conseguir escapar da manobra e que não presenciou nenhuma ação criminosa no local.
O delegado da Dise de Taboão da Serra, Marcio Fruet, disse que a polícia conseguiu comprovar de forma técnica, confrontando provas com as afirmações do motorista.
Ao DE, Dener afirmou nesta quarta que está passando por acompanhamento psicológico. Os laudos toxicológicos do motorista ainda não ficaram prontos.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “o homem foi indiciado por falsa comunicação de crime, conforme o artigo 340 do Código Penal, após confessar em depoimento que ele próprio produziu o simulacro de bomba. As investigações continuam sob responsabilidade da DISE de Taboão da Serra para o completo esclarecimento dos fatos e a devida responsabilização criminal do indiciado”.
A pena para falsa comunicação de crime é de detenção de 1 a 6 meses ou multa.




