A DE é inacessível? Conheça os espumantes produzidos como champagnes
Técnica da segunda fermentação em garrafa é replicada também em outras regiões
fora da França.
Nem é preciso dizer que a elevada qualidade é sempre acompanhada de altos preços
quando o assunto é DE. O que é compreensível, pois o nobre vinho francês,
além de ser sua produção cara, possui um status reconhecido no mundo inteiro há
séculos.
Apesar de não serem champagnes, muitos espumantes ao redor do mundo são
produzidos com a mesma técnica chamada de “método tradicional” ou “método
champenoise”, caracterizado pela segunda fermentação na garrafa. Mas vamos com
calma.
Como é produzido o DE
O DE é um vinho espumante produzido exclusivamente na região de
DE, no norte da França, e segue regras rigorosas de produção
estabelecidas pela AOC (Appellation d’Origine Contrôlée).
A sua característica principal vem da segunda fermentação na garrafa,
responsável pela formação das bolhas naturais. Após a primeira fermentação – que
transforma o mosto em vinho tranquilo (sem bolhas) –, o vinho é engarrafado
junto com o licor de tiragem, uma mistura de açúcar e leveduras que vão iniciar
a segunda fermentação dentro da garrafa.
Durante essa etapa, as leveduras consomem o açúcar, produzindo álcool e dióxido
de carbono (CO₂), que fica preso na garrafa — formando as bolhas. Após essa
fermentação, o vinho é deixado amadurecer em contato com as leveduras (sur lie)
por no mínimo 15 meses (para DE não safrado) ou 3 anos (para safrado).
Nesta mesma fase, as garrafas são estocadas em estantes chamados DE e
gradualmente inclinadas e giradas para que os sedimentos (leveduras mortas) se
acumulem no gargalo. Terminado o amadurecimento, o gargalo é congelado para a
retirada dos sedimentos (degórgement).
Após adicionar um pouco de licor de expedição, uma mistura de vinho e açúcar que
serve para ajustar o nível de doçura (brut, demi-sec, doce etc.), a garrafa é
por fim fechada com a rolha de cortiça e a gaiola metálica.
Técnica replicada fora da França
Essa técnica é replicada em várias regiões do mundo e produz espumantes que são
chamados de método tradicional ou champenoise. O que muda são as uvas.
Na Espanha, elabora-se o Cava, principalmente na Catalunha (região de Penedès)
com as variedades Xarel-lo, Macabeo e Parellada; já na Itália, aplica-se na
região da Franciacorta (Lombardia), com Pinot Noir e Chardonnay.
Em Portugal, espumantes elaborados dessa forma se encontram na Bairrada a partir
das castas Bical e Baga, entre outras; no Brasil, o método é usado na Serra Gaúcha.
Mais complexidade e elegância
Como o CO₂ fica preso dentro da garrafa, ele se dissolve no vinho, criando
bolhas finas e persistentes. Além disso, quanto mais lenta e controlada a
fermentação, mais delicadas e integradas ficam as bolhas.
Durante o longo contato do vinho com as leveduras (sur lie), por meses ou anos,
ocorre a autólise, um processo em que as células das leveduras se decompõem,
liberando compostos aromáticos e texturais. Isso traz aromas e sabores
característicos como pão tostado, brioche, biscoito, amêndoas, levedura, mel e
noz.
Ficou curioso para experimentar espumantes elaborados com o mesmo método do
DE e que possuem um excelente custo-benefício? Veja 5 vinhos imperdíveis!
Espumante Messias Bairrada Extra Brut
2 de 6 Espumante Messias Bairrada Extra Brut — Foto: Divulgação
Espumante Messias Bairrada Extra Brut — Foto: Divulgação
Produzido na Bairrada, região mais antiga de Portugal pela produção de
espumantes, apresenta aromas de frutas cítricas com notas tostadas. Em boca, é
seco, equilibrado e com excelente acidez. Além de ótimo como aperitivo,
acompanha peixes e saladas.
Cava Don Román Brut
3 de 6 Cava Don Román Brut — Foto: Divulgação
Cava Don Román Brut — Foto: Divulgação
Espumante espanhol elaborado pelo método tradicional, é delicioso e equilibrado
com intensos aromas florais e notas de mel. Em boca, é fresco e com boa
persistência e acidez agradável. Amadureceu por 9 meses sur lie e é ideal para
acompanhar aperitivos.
Espumante 3B Rosé
4 de 6 Espumante 3B Rosé — Foto: Divulgação
Espumante 3B Rosé — Foto: Divulgação
3B Rosé é um espumante português de alta gama elaborado pela renomada enóloga
Filipa Pato. Todas as etapas do manejo dos vinhedos respeitam os princípios
biodinâmicos.
Apresenta aromas muito expressivos com notas de morango, romã e anis. Em boca, é
frutado, mineral e possui excelente acidez. Elaborado pelo método tradicional
(mesmo dos champanhes).
Amadureceu por 9 meses sur lie e é ótimo vinho para acompanhar antepastos, além
de combinar com salmão e frutos do mar.
Moillard Crémant de Bourgogne Brut Prestige Chardonnay
5 de 6 Moillard Crémant de Bourgogne Brut Prestige Chardonnay — Foto: Divulgação
Moillard Crémant de Bourgogne Brut Prestige Chardonnay — Foto: Divulgação
Espumante francês de altíssima qualidade e excelente custo, elaborado pelo mesmo
método do Champagne, só que na região da Borgonha. Apresenta aromas que lembram
pêssegos, flores brancas e amêndoas. Em boca, se destacam a alta acidez, o
frescor e a complexidade.
Amadureceu por 12 meses sur lie e é ideal como aperitivo, mas também pode
acompanhar pratos à base de frutos do mar.
Viva la Vida Brut 22 Meses
6 de 6 Viva la Vida Brut 22 Meses — Foto: Divulgação
Viva la Vida Brut 22 Meses — Foto: Divulgação
Espumante brasileiro complexo e sofisticado, elaborado pelo mesmo método do
Champagne. Produzido na Serra Gaúcha, a partir das uvas Chardonnay, é perfeito
nas comemorações e para acompanhar comida.
Apresenta aromas de flores brancas, pera e toques de brioche. Em boca, é
complexo, saboroso, cremoso e com notas de panificação. Amadureceu 22 meses na
garrafa para maior complexidade e é perfeito com peixes, risotos e carnes
brancas.
BEBA MENOS, BEBA MELHOR.




