Gabriel Jesus revela superação, bastidores do futebol e desejo de retorno ao Palmeiras em entrevista exclusiva. Entenda mais!

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Do perdão ao pai à autocrítica sobre a Copa, Gabriel Jesus abre o jogo: “Brasil
é máquina de triturar”

Prestes a voltar a jogar, atacante revela como superou críticas em 2018, diz não
ver Seleção sem Neymar, conta bastidores de Guardiola e reforça o desejo de
voltar ao Palmeiras: “Vai acontecer”

Abre Aspas Gabriel Jesus: Críticas, Seleção e a explicação sobre “gol não é meu
forte” [https://s03.video.glbimg.com/x240/14116266.jpg]

Houve um tempo em que era difícil para Gabriel Jesus resgatar certas memórias.
Comentar a ausência do pai na sua criação, por exemplo, o incomodava. As
lembranças da Copa do Mundo de 2018 — e as críticas relacionadas a ela — também
não estavam totalmente resolvidas.

Hoje, aos 28 anos, o atacante do Arsenal prefere falar sobre o futuro: a
retomada da carreira após cirurgia no joelho esquerdo, o desejo de voltar à
Seleção, o sonho de ganhar um Mundial pelo Palmeiras
[https://globoesporte.globo.com/futebol/times/palmeiras/].

O passado já não é um tabu. Mais maduro, fortalecido pelos filhos Daniel e
Helena, e conectado com a fé, Gabriel Jesus refletiu sobre a vida e a carreira
em entrevista ao Abre Aspas, do ge.

O papo de quase 1h30 ocorreu em Londres, cidade em que Gabriel Jesus aproveita
como os locais: anda de bicicleta, frequenta parques e recorre ao transporte por
aplicativos quando necessário. A experiência de quase uma década na Inglaterra
faz a cria do Jardim Peri, periferia de São Paulo, olhar de outra forma para
aquilo que o Brasil tem de melhor e pior.

Na conversa, o atacante reflete sobre momentos marcantes da carreira, conta
bastidores do trabalho com Pep Guardiola e Neymar e analisa o futebol
brasileiro:

– É uma máquina de revelar jogadores. Só que, às vezes, é uma máquina de
triturar.

Abre Aspas: Gabriel Jesus revela como superou mágoa do pai
[https://s04.video.glbimg.com/x240/14116211.jpg]

FICHA TÉCNICA

* Nome: Gabriel Fernando de Jesus
* Idade: 28 anos
* Carreira no futebol: Palmeiras, Manchester City, Arsenal e seleção brasileira
* Títulos: Olimpíadas (2016), Copa América (2019), Copa do Brasil (2015),
Campeonato Brasileiro (2016), Campeonato Inglês (2017/18, 2018/19, 2020/21 e
2021/22), Copa da Liga Inglesa (2017/18, 2018/19, 2019/20 e 2020/21),
Supercopa da Inglaterra (2018 e 2019) e Copa da Inglaterra (2018/19)

Gabriel Jesus em entrevista ao Abre Aspas, do ge — Foto: Felipe Gonçalves

Você está liberado para voltar a jogar pelo Arsenal após dez meses. Como está se
sentindo?
– Estou bem. Foi uma lesão muito longa, eu nunca tinha ficado tanto tempo sem
jogar futebol na minha vida. Foi difícil, mas não foi tanto porque tive outros
focos na minha vida pessoal, desfoquei um pouquinho do futebol, e isso me
ajudou. Mas agora é 100% focado novamente para poder voltar bem.

O que foi mais difícil para você nesse processo?
– Acho que no começo não tinha noção do que era, no momento que machuquei, até
porque foi um lance bobo e continuei jogando por 10, 15 minutos machucado. Como
você ia imaginar? Acabei lesionando todo o meu joelho e continuei jogando. Não
aguentei mais depois de 15 minutos. No momento, eu achava que era só uma
coisinha, que em um mês, dois no máximo [resolveria]. Quando eu recebi a notícia
foi quando caiu a minha ficha. Depois parei e pensei: “quer saber, eu tenho
muitas coisas para focar na minha vida pessoal, para ajustar, passar mais tempo
com a minha família, com a minha esposa, com a minha filha”. Hoje, meu filho tem
quatro meses, minha esposa estava grávida [quando machuquei]. Eu pude aproveitar
muitas coisas que não pude quando minha filha nasceu.

Gabriel Jesus em entrevista ao Abre Aspas, do ge — Foto: Felipe Gonçalves

Muitas pessoas às vezes só olham o carro importado, a casa bonita, mas não
percebem as renúncias, como perder datas festivas e momentos com a família.
– Eu não julgo muito, por isso que fico quieto. Não gosto muito de expor minha
vida pessoal. Fico mais na minha, porque a minha opinião é muito simples. Se for
financeiramente, não tem o que falar, mas também muitas coisas a gente acaba
perdendo. A minha filha eu vi nascer. Eu e minha esposa, a gente provocou para
vir rápido. E aí eu assisto o parto, a gente volta para Manchester, no dia
seguinte já viajo para a Seleção e fico dez dias. Do meu filho não, eu
participei dos sete meses até hoje, dia a dia. Eu consegui ver muita coisa que
tinha perdido da minha filha, conviver um pouquinho mais nessa fase, que é muito
boa.

– São coisas que acontecem nas nossas vidas, e não é a única profissão. Tem
muitas profissões que acabam perdendo muitas datas. Algumas você pode ajustar, o
futebol acaba que não. Mas eu não tenho muito o que reclamar. Fiquei muito
chateado com a lesão, mas na minha vida pessoal, que é muito importante, fui
muito feliz.

Do que você mais sente falta: de comer ou beber algo que prejudique seu físico
ou de poder frequentar lugares como anônimo?
– Um Neymar, por exemplo, não consegue andar na rua. Eu já vou porque é bem
diferente. O Neymar acho que sente muito mais, os jogadores no nível dele. Eu
não, vou para rua, shopping, parque com a minha família, de bicicleta, vou de
boa. Lá no começo foi o que mais senti, porque eu gostava bastante de ficar no
Jardim Peri. Eu gostava bastante de ficar na rua com os meus amigos,
conversando, jogando bola ou fazendo alguma coisa. E eu já estava no
profissional, em 2015, 2016. E aí eu ficava até meia-noite, uma hora da manhã, e
foi quando comecei a ver que não dava mais.

Web Stories Gabriel Jesus é entrevistado em Londres para o Abre Aspas — Foto:
Felipe Gonçalves

Essa experiência em uma metrópole como Londres fez você abrir a cabeça para
muitas coisas, inclusive sobre o Brasil?
– Desde que eu cheguei à Inglaterra, passei a admirar mais o nosso país, em
questão de cultura, de harmonia, de tempo, de muitos fatores. Em questão dessa
segurança, de você ir a um parque, de ter um parque. Eu venho de comunidade no
Brasil. Lá não tem parque. Possivelmente nos lugares “bons” também não tem
parque no Brasil.

– Essas coisas eu sinto muita diferença. Aqui é mais fácil, a cinco minutos da
tua casa tem um parque para ir com a família, tem diversas coisas para você
fazer. Desde que cheguei aqui, essa é a reflexão que eu faço: eu admiro muito o
nosso país, com todos os recursos que a gente, o nosso tempo, sol, a felicidade
que o nosso povo é, nossa comida, nossa recepção com os de fora. Aqui é um pouco
mais frio, pelo país ser mais frio. Só que em questão de estrutura, acho que
aqui está um pouco à frente do Brasil.

Gabriel Jesus comenta possível retorno ao Palmeiras e torcida na final da
Libertadores [https://s04.video.glbimg.com/x240/14116219.jpg]

E talvez você passe a dar valor a coisas que para o brasileiro são muito
naturais, como um dia de sol no inverno…
– Aqui não tem. Mas por outro lado, eu aprendi na minha vida que,
independentemente de onde você estiver, tem que ser grato e aproveitar da melhor
maneira. Eu não deixo de fazer as coisas porque uma pessoa vai pedir uma foto.
Se tiver pessoas pedindo foto, eu vou tirar de boa. Sempre fui assim.

Você pega bike aqui e dá uma volta?
– É, eu tenho uma bike em casa, desde Manchester. Outro dia a gente foi num
parque, eu e minha esposa, a gente pegou essas bikes que ficam na rua e foi
andar no centro. Acabou que eu não conseguia finalizar a bike em que eu estava,
não sei o que deu. A gente teve que ir lá no meio do centro para deixar a bike
em um lugar específico, e eu não conseguia achar. A gente deixou lá, mandou foto
e consegui parar a corrida, e voltamos de Uber para casa.

Mas nunca te reconheceram?
– Uma vez ou outra, sim. Tipo, fui estacionar e o cara está estacionando. Mas
Uber aqui eu vou jantar no centro, eu e minha esposa. Tem reunião no centro, eu
e minha esposa vamos. Às vezes eu vou treinar também de transporte por
aplicativo. É normal isso. Mas, no Brasil, é meio difícil fazer.

Gabriel Jesus, atacante do Arsenal, em entrevista ao Abre Aspas — Foto:
Bruno Cassucci

Voltando um pouco no tema da sua lesão, como você trabalhou a sua cabeça durante
o processo de recuperação? Você tem só 28 anos, muita carreira pela frente…
– Isso me ajudou. Eu não sou muito jovem. Eu estava comentando com o Martinelli
ou com algum dos meninos no Arsenal. Tem um menino de 15 anos, ele é de 2009,
vai fazer 16 esse ano, treinando com a gente, indo para jogo, jogando. Eu sou 13
anos mais velho do que ele. O futebol mudou. Hoje já não é mais a geração nem de
2000 mais, é ali quase que 2010. Isso me ajudou bastante na questão de ter 28
anos. Porque na minha cabeça eu pensei: “sou novo ainda, eu recupero bem pela
vida que levo e vou voltar bem”. Eu tenho a certeza e muita fé em Deus que vou
voltar bem. Isso me ajuda bastante.

Abre Aspas: Parques, passeios de bike… Gabriel Jesus conta como é a vida na
Inglaterra [https://s03.video.glbimg.com/x240/14116238.jpg]

O que foi mais difícil para você nesse processo?
– Acho que no começo não tinha noção do que era, no momento que machuquei, até
porque foi um lance bobo e continuei jogando por 10, 15 minutos machucado. Como
você ia imaginar? Acabei lesionando todo o meu joelho e continuei jogando. Não
aguentei mais depois de 15 minutos. No momento, eu achava que era só uma
coisinha, que em um mês, dois no máximo [resolveria]. Quando eu recebi a notícia
foi quando caiu a minha ficha. Depois parei e pensei: “quer saber, eu tenho
muitas coisas para focar na minha vida pessoal, para ajustar, passar mais tempo
com a minha família, com a minha esposa, com a minha filha”. Hoje, meu filho tem
quatro meses, minha esposa estava grávida [quando machuquei]. Eu pude aproveitar
muitas coisas que não pude quando minha filha nasceu.

– São coisas que acontecem nas nossas vidas, e não é a única profissão. Tem
muitas profissões que acabam perdendo muitas datas. Algumas você pode ajustar, o
futebol acaba que não. Mas eu não tenho muito o que reclamar. Fiquei muito
chateado com a lesão, mas na minha vida pessoal, que é muito importante, fui
muito feliz.

Gabriel Jesus em entrevista ao Abre Aspas, do ge, na Inglaterra — Foto:
Felipe Gonçalves

Voltando um pouco no tema da sua lesão, como você trabalhou a sua cabeça durante
o processo de recuperação? Você tem só 28 anos, muita carreira pela frente…
– Isso me ajudou. Eu não sou muito jovem. Eu estava comentando com o Martinelli
ou com algum dos meninos no Arsenal. Tem um menino de 15 anos, ele é de 2009,
vai fazer 16 esse ano, treinando com a gente, indo para jogo, jogando. Eu sou 13
anos mais velho do que ele. O futebol mudou. Hoje já não é mais a geração nem
de 2000 mais, é ali quase que 2010. Isso me ajudou bastante na questão de ter 28
anos. Porque na minha cabeça eu pensei: “sou novo ainda, eu recupero bem pela
vida que levo e vou voltar bem”. Eu tenho a certeza e muita fé em Deus que vou
voltar bem. Isso me ajuda bastante.

– No começo, o médico falou que seriam no mínimo 12 meses [de recuperação], e eu
voltei a treinar com o time agora e nem completaram dez meses ainda. Graças a
Deus foi tudo muito bom. Eu passei dois meses no Brasil para o nascimento do meu
filho, que foi o tempo que eu iria sair para o campo, mas preferi esperar um
pouquinho mais, trabalhar mais na academia para poder ficar do lado da minha
esposa e ver meu filho. E a gente ter ele no Brasil foi muito bom, porque nossa
filha nasceu aqui [na Inglaterra], foi um parto muito complicado. Não foi difícil
mentalmente.

– No começo, o médico falou que seriam no mínimo 12 meses [de recuperação], e eu
voltei a treinar com o time agora e nem completaram dez meses ainda. Graças a
Deus foi tudo muito bom. Eu passei dois meses no Brasil para o nascimento do meu
filho, que foi o tempo que eu iria sair para o campo, mas preferi esperar um
pouquinho mais, trabalhar mais na academia para poder ficar do lado da minha
esposa e ver meu filho. E a gente ter ele no Brasil foi muito bom, porque nossa
filha nasceu aqui [na Inglaterra], foi um parto muito complicado. Não foi difícil
mentalmente.

Você já conversou com algum colega de profissão que passou por uma situação
semelhante? Alguém que possa te aconselhar sobre a recuperação?
– Eu tenho esses amigos dentro do futebol, mas cada um é cada um. Cada um tem a
sua história naquela lesão. Cada um tem uma vida pessoal diferente. E o pessoal
dentro do futebol, principalmente o pessoal mais próximo, os profissionais, eles
têm essas palavras de carinho, de apoio, mas também de força. Eu acho que a
minha recuperação, graças a Deus, foi muito boa. Agora é só voltar a jogar e
jogar futebol.

Gabriel Jesus comenta sobre a pressão de jogar após lesão e seus próximos
objetivos profissionais
– Hoje, a pressão é diferente. Claro que tem a pressão da torcida, dos
profissionais de imprensa, mas a minha pressão é interna, pessoal, muito maior.
Eu quero voltar da melhor maneira possível e vou fazer de tudo para isso. Estou
focado no meu retorno, em voltar a jogar em alto nível. Quero conquistar mais
títulos, atingir novos objetivos e seguir evoluindo como jogador. A lesão foi um
obstáculo, mas estou determinado a superá-lo e seguir em frente.

Você, que já conquistou diversos títulos importantes ao longo da carreira, como
a Copa América e o Campeonato Inglês, qual é o próximo grande desafio que você
almeja?
– Olha, eu tenho muitos objetivos ainda a conquistar. Ainda tenho muita lenha
para queimar, como dizem por aí. Meu sonho é voltar à Seleção Brasileira e
disputar uma Copa do Mundo. Esse é um objetivo que sempre esteve presente em minha
carreira e que ainda não

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