Governo do RJ mantém crédito consignado do Banco Master mesmo após operação da PF
Cartão de crédito consignado segue ativo mesmo após liquidação do banco; Credcesta é de empresário que também foi preso em operação da PF. Investigações apontam suspeitas de fraudes e irregularidades em investimentos do Rioprevidência.
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Empresa de consignado usado por servidores do RJ é de empresário preso em operação da PF.
Apesar da operação da Polícia Federal desta semana contra o Banco Master, o Governo do Rio de Janeiro manteve o serviço do Credcesta, cartão de crédito consignado ligado ao Master.
O serviço atende servidores da ativa, aposentados e pensionistas do Estado do RJ. O cliente faz compras e saques com parcelas descontadas diretamente na folha salarial.
O banco já estava sob suspeita de fraudes desde a autorização dada pela Casa Civil ao cartão. Em março de 2025, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) discutia possíveis irregularidades nos investimentos feitos pelo Rioprevidência no Master, que somam quase R$ 1 bilhão.
O diretor-presidente do Rioprevidência, Deivis Marcon Antunes conta que há uma relação de anos com o RJ, de acordo com um documento enviado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE):
“O Banco Master possui anos de relação formal com o Estado do Rio de Janeiro com relação a empréstimos consignados e Credicesta”
Segundo o documento, a carteira de consignado do Rioprevidência com o Master é de cerca de R$ 25 milhões por mês, pelos próximos cinco anos. O ofício, de fevereiro, foi enviado antes da operação da Polícia Federal que resultou na liquidação extrajudicial do banco.
No documento, já havia uma sugestão para o caso de eventual insolvência: o valor investido em letras financeiras no Banco Master pelo Rioprevidência poderia ser liquidado em poucos meses em caso de inadimplência ou evento de liquidez no banco.
A sugestão é uma tentativa de recuperar o dinheiro investido no Banco Master. Por essa proposta, o desconto na folha do aposentado não iria para o Master, mas sim, para o Rioprevidência.
Um projeto com uma ideia semelhante começou a tramitar nesta semana na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A proposta foi apresentada pelo deputado Luiz Paulo (PSD).
Atualmente, o Credcesta pertence à Pleno: uma empresa que já fez parte do grupo Master e cujo dono, Augusto Lima, também foi preso.
Augusto Lima é um dos principais sócios de Daniel Vorcaro, dono do Master.
A parceria firmada entre o governo do RJ e o Credcesta é de 27 de março. No dia seguinte, houve o anúncio da compra do Banco Master pelo BRB.
A venda levantou suspeitas de crime contra o Sistema Financeiro e foi vetada pelo Banco Central, desencadeando as investigações que continuam em andamento.
O Banco Pleno, atual administrador do cartão Credcesta, divulgou nota dizendo que não mantém relação societária com o Master e que não foi alvo da operação Compliance Zero.
A defesa de Augusto Lima, controlado do Banco Pleno, declarou que ele “já havia se desligado definitivamente de todas as funções executivas no banco, em maio do ano passado, e que as operações investigadas, atualmente, são posteriores à saída dele do banco”.
O governo do Estado do RJ informou que suspendeu, em caráter preventivo, as consignações vinculadas ao Credcesta e que o Rioprevidência suspendeu imediatamente os repasses do desconto em folha dos servidores em razão da liquidação do Banco Master.




