Policiais acusados de tentar matar pescadores em comunidade do Ceará serão julgados 21 anos após o crime
De acordo com o Ministério Público, o crime ocorreu em 2004 em um viveiro de camarão. Os réus, que faziam segurança privada, efetuaram disparos, torturaram as vítimas e ameaçaram de morte outros moradores.
Mais de duas décadas depois, Justiça cearense julgará envolvidos no Caso Curral Velho. — Foto: Divulgação
Na noite do dia 7 de setembro de 2004 em um viveiro de camarão na comunidade de Curral Velho, localizada no município de Acaraú (CE), policiais tentaram matar 11 pescadores locais a mando de uma empresa denunciada pela comunidade por provocar destruição do manguezal da região, aponta denúncia apresentada pelo Ministério Público.
Na próxima segunda-feira (24), 21 anos após o crime, os réus Luciano Barreto Coutinho Benevides, José Werbster Gonçalves de Sousa e José Roberto Lira serão julgados pela 1ª Vara do Júri de Fortaleza pela acusação de tentativa de homicídio. O DE solicitou mais detalhes para o MP sobre a audiência e aguarda retorno.
O caso ficou conhecido como “Caso Curral Velho” e é considerado pelas autoridades como um dos mais emblemáticos conflitos socioambientais relacionados à expansão da carcinicultura (criação de camarões em cativeiro) no estado.
Na época, os suspeitos chegaram a ser presos, acusados de torturar e tentar matar pescadores da comunidade, entre eles, adolescentes. Os agentes eram lotados no município de Horizonte, distante 278 km de Acaraú, e teriam agido a mando da empresa Fazenda Joli Pescados.
“De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, na noite de 7 de setembro de 2004, no viveiro de camarão da empresa, os réus, que faziam segurança privada utilizando armas do Estado, efetuaram disparos, torturaram as vítimas e ameaçaram de morte outros moradores. O ataque teria sido motivado pela resistência da comunidade à entrada de máquinas da empresa em uma área de mangue então interditada judicialmente e já reconhecida como área de proteção ambiental”, aponta a Defensoria Pública do Ceará, que atua no caso.
Na noite do crime, três pessoas foram atingidas pelos disparos, e outras relataram terem sido submetidas a agressões físicas e golpes de pau e cassetete. Ainda segundo o Ministério Público, foi apreendido com os acusados um arsenal composto por armas particulares e armamento pertencente ao Estado, incluindo pistolas, revólveres, espingardas, grande quantidade de munição, coletes e algemas.




