Cidades resilientes: aumento de eventos climáticos extremos no PR exige novo modelo de construções, alertam especialistas
Para lidar com impacto das mudanças climáticas, conceito interdisciplinar prevê que cidades estejam preparadas para sofrerem menos danos com tornados, por exemplo. Paraná acumula episódios de destruição com tornados, aponta pesquisa.
A destruição em cidades no Paraná por tornados ao longo dos anos, como aconteceu em Rio Bonito do Iguaçu em 7 de novembro, se soma à discussão mundial sobre a capacidade de resistência estrutural de casas e comércios a eventos climáticos extremos – e a recorrência e intensidade dos eventos reforça a questão.
Antes de Rio Bonito do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, no oeste do estado, teve diversas casas destruídas, em 2015, também durante a passagem de um tornado. Veja números abaixo.
Para especialistas, o Paraná vive um momento em que precisa se discutir como o estado pode ajudar a população a se preparar para enfrentar adversidades como essas e, ao mesmo tempo, proporcionar a construção das chamadas cidades resilientes. O conceito, de caráter interdisciplinar, dá condições dos municípios se prepararem para enfrentar tornados, enchentes e outros eventos climáticos extremos com o menor dano possível e maior capacidade de recuperação.
A pesquisadora Karin Linete Hornes, especialista em tornados e professora na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), explica que os desastres climáticos no Paraná têm sido cada vez mais frequentes. O estado é considerado, inclusive, o segundo maior corredor de tornados do mundo.
Segundo ela, os vendavais são os fenômenos que mais provocam danos no estado. “São 3.867 registros de ocorrências no mesmo período, segundo a Defesa Civil. E há subnotificação, porque muitos lugares sofrem prejuízos, mas não acionam o órgão,” diz.
Pinheiro destaca que muitos municípios ainda não consideram que podem enfrentar desastres recorrentes, o que é um erro, segundo ele, especialmente em estados como o Paraná, onde enchentes, granizo e estiagens se repetem todos os anos.
Segundo o pesquisador Eduardo Gomes Pinheiro, doutor em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o conceito de cidades resilientes prevê uma relação direta entre preparo, impacto do evento climático e capacidade de recuperação. Segundo ele, as cidades resilientes, que se antecipam ao problema, sofrem menos danos e retomam as atividades mais rapidamente.




