Delegado indiciado por assédio sexual no RS: Caso gera polêmica no Litoral Norte

delegado-indiciado-por-assedio-sexual-no-rs3A-caso-gera-polemica-no-litoral-norte

Delegado de polícia é indiciado por assédio sexual contra agente no RS

Servidora diz que delegado teria segurado ela pelo braço e tentado beijá-la. Delegado nega as suspeitas.

O delegado Antônio Carlos Silvano Ractz Júnior foi indiciado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil suspeito do crime de assédio sexual contra uma policial civil que trabalhava no Litoral Norte. O caso, segundo a investigação, teria ocorrido em 22 de julho de 2024 dentro da Delegacia de Polícia de Cidreira — a qual Ractz comandava.

O relatório final da 3ª Delegacia de Polícia para Assuntos Internos da Corregedoria, concluído em 22 de agosto de 2025, foi mantido sob sigilo de justiça até novembro, quando o sigilo foi levantado e a RBS TV obteve acesso. O delegado nega ter cometido assédio.

A policial relatou que, ao chegar ao gabinete do delegado em Cidreira, ele teria segurado pelo braço e tentado beijá-la. Segundo o relato, Ractz disse: “me dá só um beijinho”. Ela afirma ter se afastado e saído chorando. Mais tarde, ainda conforme o inquérito, a policial enviou ao delegado uma mensagem dizendo estar constrangida com o que havia acontecido.

As respostas do delegado constam no relatório: “Fica tranquila.”, “Não te preocupa.”, “Acalma.”, “Não muda nada.” Segundo a Corregedoria, essas respostas reforçariam o indício de que “algo de fato ocorreu” dentro da delegacia.

No mesmo dia, a partir da abordagem, a policial decidiu gravar o trajeto da viatura que fazia o deslocamento com o delegado no fim da tarde. O áudio foi anexado e também transcrito no inquérito. Alguns trechos do diálogo gravado constam na investigação: “Tu é uma mulher apaixonante”; “Eu queria te dar um be… (inaudível).” A policial responde, segundo o inquérito, “Eu fiquei constrangida.” e “O senhor é meu superior.”

A Corregedoria diz que a palavra da vítima possui mais força em casos de assédio sexual e que, nesse caso, ela é corroborada pelos depoimentos e pelo que se extrai das mensagens de celular. O responsável pelo inquérito, delegado Silvio Kist Huppes, declarou: “Se extraem indícios que conferem verossimilhança à versão da vítima de que o investigado a tentou beijar nas dependências da Delegacia de Polícia de Cidreira na tarde do dia 22/07/2024″. Ao todo, foram ouvidas 19 pessoas na investigação.

No interrogatório, Ractz negou ter tentado beijar a policial. Ele afirmou que a aproximação entre os dois era “profissional e amistosa” e que a gravação entregue pela policial “representa apenas três minutos de uma conversa de mais de vinte e cinco” e se houve beijo próximo ao rosto foi “acidental” e que nunca agiu com intenção sexual.

O delegado corregedor concluiu: “Há prova da materialidade e indícios suficientes de autoria do crime de assédio sexual”. Ractz foi indiciado pelo artigo 216-A do Código Penal — assédio sexual.

O caso seguiu para análise do Ministério Público, que decidiu, em 5 de novembro de 2025, oferecer proposta de transação penal para o delegado. A promotora Mari Oni Santos da Silva afirmou na proposta que “o autor do fato é primário”. Em 14 de novembro, o MP mudou a proposta, solicitando um valor de R$ 5 mil a ser pago pela vítima.

O chefe de polícia do RS, delegado Heraldo Chaves Guerreiro, afirmou que a Polícia Civil apurou o caso de forma ágil e enviou ao Judiciário, que deve tomar agora as medidas cabíveis. Ractz negou os fatos e disse que está sendo perseguido pela denunciante.

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp