Ídolo do Atlético-MG, Reinaldo recebe anistia e indenização por perseguição durante a ditadura no Brasil
Pedido foi analisado e aceito de forma unânime pelo Conselho da Comissão de Anistia
Cuello se recupera de lesão e pode voltar a jogar em 2025
[https://s02.video.glbimg.com/x240/14146281.jpg]
Cuello se recupera de lesão e pode voltar a jogar em 2025
Conhecido pela comemoração dos seus gols com os punhos cerrados – em forma de protesto contra a ditadura militar, o ex-jogador Reinaldo foi anistiado pelo Conselho da Anistia – órgão de assessoramento direto e imediato do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). A votação, de forma unânime, reconheceu que o ex-camisa 9 foi perseguido durante a ditadura militar no Brasil – entre 1964 e 1985.
Reinaldo recebeu perdão e uma indenização de R$ 100 mil a ser paga em prestação única. O ex-jogador da seleção brasileira – e ídolo do Atlético-MG – comentou e se emocionou ao falar da decisão.
— Talvez vocês se lembrem da minha trajetória nos campos, mas pode ser que não saibam da luta, muitas vezes silenciosa, que tive que enfrentar. Todos sabem dos horrores da ditadura que tiraram a vida de tantos brasileiros, mas a repressão do Estado foi muito além dos porões e das celas e não usava só a violência física. Eles criavam campanhas de difamação, verdadeiras operações para acabar com a reputação e a vida social das pessoas que eles consideravam inimigos ou ameaças.
— Queriam calar a minha voz, diminuir a minha força, e acabaram com a minha vida e minha carreira. Essa forma de violência do Estado que ataca a honra, a imagem e a dignidade é tão grave quanto as outras e busca destruir as pessoas por dentro, tirando seu lugar no mundo e no futuro. É uma violência que deixa marcas profundas e duradouras, mesmo que a gente não veja — completou o jogador.
Reinaldo foi um jogador histórico do futebol brasileiro. Defendeu o Atlético em mais de dez temporadas e conquistou oito títulos mineiros. Na Seleção, jogou a Copa do Mundo de 1978. O Brasil terminou na terceira colocação.
Na época da ditadura, o ex-camisa 9 se posicionou contra o regime e comemorou os seus gols com o punho cerrado — gesto associado ao movimento dos Panteras Negras e visto com desconfiança pelos militares.
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, falou da importância do reconhecimento por parte do Conselho e o papel de Reinaldo na história.
— Ditadura brasileira foi cruel, perversa, e destruiu pessoas em todos os lugares, em todos os âmbitos da sociedade, mas tivemos aqueles imprescindíveis, como Reinaldo, que não se curvaram. E é por eles que estamos aqui, fazendo viva essa Comissão, porque precisamos ter posição, e precisamos que essa posição seja radical em defesa da democracia – disse a ministra.




