Firjan e Fecomércio se manifestam contra flexibilização de voos do Santos
Dumont; veja o que dizem especialistas
Federações de indústria e comércio dizem que medida pode desequilibrar
aeroportos e que restrição teve impacto positivo no Galeão e na economia do RJ.
Ministro anunciou flexibilização em 2026.
Número de passageiros do Santos Dumont vai subir em 2026, diz ministro
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Número de passageiros do Santos Dumont vai subir em 2026, diz ministro
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro
(Fecomércio-RJ)
e a Federação das Indústrias do Rio (Firjan
) se manifestaram contra a
possibilidade de flexibilização do limite de voos no Aeroporto Santos Dumont,
no Centro do Rio.
Para as entidades, a mudança pode provocar um desequilíbrio no sistema
aeroportuário do estado e prejudicar a economia fluminense.
“O Santos Dumont
e o Galeão
operam em completa simbiose, eles operam numa racionalização de operação. Quando sobra
para um lado, falta para o outro, e é isso que vai acontecer [em caso de
flexibilização]. Nós estamos penalizando o melhor aeroporto do Brasil, que é o
Galeão, que tem as maiores pistas, a maior capacidade de transporte, que tem
apresentado resultado extraordinariamente bom”, afirmou Delmo Pinho, engenheiro
da Fecomércio.
O debate sobre a flexibilização voltou à pauta após declarações do ministro de
Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), que afirmou, na manhã
desta segunda-feira (22), em entrevista à GloboNews (veja abaixo), que o volume
de passageiros no Santos Dumont deve aumentar em 2026.
Ministro de Portos e Aeroportos fala sobre mudanças no Aeroporto Santos Dumont
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Ministro de Portos e Aeroportos fala sobre mudanças no Aeroporto Santos Dumont
Segundo a Fecomércio, o temor é de que setores estratégicos da economia do Rio
sejam impactados negativamente caso o teto de passageiros seja ampliado.
> “O turismo vai ser prejudicado, os serviços vão ser prejudicados, o comércio
> do Rio de Janeiro vai ser prejudicado, isso não é nada bom”, disse Delmo
> Pinho.
Em nota, a Fecomércio-RJ defendeu a manutenção do limite atual de 6,5 milhões de
passageiros por ano no Santos Dumont e classificou qualquer alteração como
inoportuna e contrária ao interesse público. A entidade ressaltou ainda que o
teto foi definido com base em uma série de estudos técnicos.
No domingo (21), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), criticou a discussão
sobre mudanças no teto de passageiros do aeroporto, que fica no Centro da cidade.
Enquanto isso, o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, vem ampliando a
oferta de voos desde 2023, em um projeto de reorganização do sistema
aeroportuário do estado. Apenas nos dois primeiros meses deste ano, o terminal
registrou a chegada de 473 mil visitantes estrangeiros.
DADOS ECONÔMICOS DO RJ BASEIAM RESTRIÇÃO, DIZ FIRJAN
Gerente de infraestruturas da Firjan afirma que aeroportos do Galeão e Santos
Dumont têm vocações complementares
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Gerente de infraestruturas da Firjan afirma que aeroportos do Galeão e Santos
Dumont têm vocações complementares
Isaque Ouverney, gerente de infraestruturas da Firjan, destaca que os números da
economia fluminense apontam para um acerto na restrição dos voos do Santos
Dumont.
> “Na medida que o estado, como um todo, conseguiu aumentar o volume de
> passageiros domésticos acima da média nacional, o volume de passageiros
> internacionais também acima da média, assim como o volume de cargas, essa
> melhor coordenação tem se mostrado, segundo os dados, positiva para a economia
> do Rio de Janeiro”, afirmou.
Segundo Ouverney, os aeroportos do Galeão e do Santos Dumont têm funções
distintas e complementares, e cabe ao poder público garantir que essas vocações
sejam respeitadas.
“E é superimportante que estes aeroportos atendam às suas vocações principais: o
Santos Dumont, tendo a vocação para ser um aeroporto de conexão doméstica, uma
localização estratégica; e o aeroporto internacional, por sua vez, tem a vocação
de ser o hub internacional do Rio de Janeiro, transportando não só passageiros,
como principalmente cargas”, ressaltou.
INTERESSE DE CIAS AÉREAS
Para Marcus Quintella, diretor da FGV
Transportes, a discussão envolve interesses de mercado e das companhias aéreas,
mas precisa respeitar a lógica de coordenação do sistema.
“Existe a lei de mercado. Existe demandas identificadas pelas companhias aéreas.
Então, pode ser isso que esteja fazendo esse assunto voltar. A lei da criação da
Anac tem dois artigos muito importantes.
Um da liberdade de tarifária e outro da liberdade de mercado, onde as empresas
aéreas são livres para escolher rotas, frequência, toda a malha viária. Então,
pode estar havendo alguma identificação de que isso precisa ser reativado no
Santos Dumont, sem prejudicar o Aeroporto do Galeão”, afirmou Quintella.




