A Câmara dos Deputados cassou os passaportes diplomáticos dos ex-deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) após ambos terem seus mandatos cassados pela Mesa Diretora da Casa. A decisão foi assinada na última semana, mas só foi confirmada nesta segunda-feira, 22. Ramagem e Eduardo tiveram os mandatos cassados na última semana após uma determinação do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O primeiro foi cassado a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), após a condenação no processo da trama golpista, enquanto o segundo atingiu o limite de faltas em sessões plenárias. Agora ex-deputados, os dois estão nos Estados Unidos há alguns meses. Ambos usaram o documento diplomático para conseguir entrar no território estadunidense e correm risco de deportação com o cancelamento do passaporte. No caso de Ramagem, já há movimentos do STF para sua extradição ainda no começo de 2026. Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo se mudou para o país em março para articular medidas contra ministros da Suprema Corte e o governo brasileiro para tentar frear os processos contra o pai no STF. Nesse período, o governo Donald Trump aplicou a Lei Magnitsky – criada para inibir que terroristas e acusados de atentar contra os direitos humanos usem cartões de crédito e sistemas (e-mail, aplicativos, entre outros) ligados aos Estados Unidos – contra Alexandre de Moraes e sua esposa. Os bolsonaristas também creditaram para si a aplicação do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, embora Trump já seguia uma onda de imposição de tarifas contra países parceiros e tenha entrado em rota de colisão com o Brasil após a sugestão dos Brics em criar uma moeda única para transações comerciais entre os países, o que acarretaria na desvalorização do dólar. Já o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi para os Estados Unidos em setembro, dias após a confirmação da condenação por 16 anos e um mês de prisão por participação na trama golpista. Ramagem entregou um atestado médico à Câmara e deixou o Brasil de carro, atravessando a fronteira de Roraima com a Guiana, de onde partiu para Miami. Hoje reside na Flórida. A cassação do mandato foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, após transitar o processo contra o ex-parlamentar em julgado, ou seja, sem possibilidade de recurso. Nenhum dos dois ex-parlamentares comentaram o cancelamento dos passaportes.



