Polícia conclui que venda de arsênio em bolo envenenado não é ilegal: caso é encerrado

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Bolo envenenado: polícia conclui que venda de arsênio usado em quatro assassinatos no RS não foi ilegal

Venda do arsênio usado na morte de familiares em Torres foi feita por sites de empresa do RJ. Suspeita morreu na Penitenciária Feminina de Guaíba.

IGP detalha análises que identificaram arsênio no bolo.

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava como Deise Moura dos Anjos teria adquirido arsênio, substância apontada como utilizada nos crimes que terminaram com quatro familiares mortos em Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, há um ano.

Em investigação concluída em fevereiro, Deise foi apontada como autora de quatro homicídios triplamente qualificados, por motivo fútil, emprego de veneno e dissimulação. Presa temporariamente em janeiro, ela foi encontrada morta na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba.

Agora, em dezembro de 2025, um ano após as mortes, a polícia concluiu a investigação sobre a origem do arsênio utilizado nos crimes. A apuração revelou que a compra foi feita por meio de dois sites distintos, mas ambos pertencentes à mesma empresa, registrada no Rio de Janeiro.

A Delegacia do Consumidor (Decon) identificou o responsável pela venda, mas reforçou que, apesar do risco à saúde, não há previsão penal para esse tipo de negociação.

Segundo a polícia, a comercialização do produto não é considerada ilegal atualmente, já que não existe regulamentação específica que proíba a venda para pessoas físicas.

Agora, a delegada Milena Simioli, explica que “Tal venda não é proibida e ainda está pendente de regulamentações”.

Contudo, a polícia reconhece que podem existir infrações de caráter administrativo, mas ressalta que a fiscalização dessas substâncias é responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que avalia se houve descumprimento das normas sanitárias e de segurança na comercialização do produto.

O DE entrou em contato com a Anvisa, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

A delegada Milena ainda comenta que dois projetos tramitam na Câmara dos Deputados para tentar corrigir essa brecha, sendo: PL 985/2025 e PL 1381/2025. As propostas pretendem proibir a venda de compostos arsenicais a pessoas físicas e exigir justificativa técnica para uso, além de reforçar mecanismos de identificação do comprador.

Episódio 1: O Caso do Bolo Envenenado

Três mulheres morreram após comer um bolo com arsênio em Torres, dias antes do Natal em 2024. As vítimas são as irmãs Maida Berenice Flores da Silva e Neuza Denize Silva dos Anjos, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, filha de Neuza.

Agora, uma criança de 10 anos que comeu o bolo também sobreviveu e já recebeu alta.

Investigação

A investigação concluída em fevereiro confirmou que três familiares morreram em dezembro de 2024, após comerem o bolo envenenado com arsênio e três meses antes, o sogro de Deise morreu ao ingerir bananas e leite em pó contaminados levados pela nora.

Presa temporariamente desde 5 de janeiro, Deise foi encontrada morta na cela na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. Não há indiciamento, pois o Código Penal prevê a extinção da punibilidade.

A polícia descartou motivação financeira para os crimes que teriam sido cometidos por Deise. A principal hipótese é “perturbação mental”.

De acordo com o Ministério Público do RS, em casos como o de Deise Moura dos Anjos, que morreu enquanto era investigada, “o processo é extinto pela morte do agente quando a punibilidade do réu é extinta, o que acontece de acordo com o artigo 107, inciso I, do Código Penal”.

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