Polêmicas com Master geram constrangimento no STF, e ministros defendem ‘freio de arrumação’
Código de conduta para ministros do STF divide opiniões sobre extensão – mas avaliação é de que é preciso dar alguma resposta.
Superado o momento de maior coesão entre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), devido aos julgamentos relacionados aos atos de 8 de janeiro, o clima atual tende a ser de fragmentação interna, com a retomada de posições próprias e avaliações distintas sobre temas sensíveis. Isso ficou evidente no debate em torno do código de conduta proposto pelo atual presidente da Corte, o ministro Edson Fachin.
A iniciativa, que ainda não tem um texto fechado, expôs divergências nos bastidores e passou a gerar manifestações públicas, como a do ministro Gilmar Mendes. Embora haja discordâncias sobre o alcance e a forma do código, a avaliação entre integrantes do STF começa a criar um ambiente de que o Supremo precisa dar algum tipo de resposta institucional diante das polêmicas recentes.
Nos bastidores, cresce a cobrança por um “freio de arrumação” — especialmente diante dos desdobramentos do caso Master. A revelação de viagens do ministro Dias Toffoli em um jatinho com advogado ligado a um dos envolvidos e, sobretudo, o contrato firmado pela esposa do ministro Alexandre de Moraes são apontados como fatores de forte constrangimento interno.
No caso específico do contrato, o incômodo é maior. Ministros relatam desconforto com a ausência de um objeto claro e de explicações convincentes sobre o serviço prestado e o valor pago, conforme revelado pelo jornal O Globo.
Esse vácuo de informações, segundo avaliações internas, dificulta a tentativa de estancar o desgaste da imagem do STF, que segue no centro das atenções e sob forte pressão pública.
Embora tenha havido explicações recentes sobre reuniões relacionadas à Lei Magnitsky, envolvendo o presidente do Banco Central e o ministro Alexandre de Moraes, o ponto central — o contrato — permanece sem esclarecimentos. É justamente aí que se concentra a principal cobrança entre os ministros: a necessidade de transparência para reduzir o desgaste institucional.
Nesse contexto, aliados avaliam que Fachin vai aproveitar para insistir na proposta do código de conduta e tentar criar um ambiente favorável para que o projeto avance, aproveitando o momento de maior sensibilidade interna. Ainda assim, há críticas à forma como o tema foi inicialmente discutido fora do Supremo e à falta de um texto consolidado.
O que se percebe é um STF marcado por constrangimento silencioso. Publicamente, os ministros evitam declarações mais duras, mas internamente reconhecem que a situação está se tornando delicada — e que explicar melhor os fatos pode ser o único caminho para conter o desgaste acumulado.




