Mulheres de Várzea pedem ação dos governantes após feminicídio de Tainara

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Tainara não vai ser esquecida, peço que governantes olhem para nós, diz
movimento Mulheres de Várzea

Torcedora apaixonada do time Apache da Vila Maria, Tainara era figura conhecida
nas arquibancadas de várzea. Para movimento, Tainara não é só uma vítima de
feminicídio, mas tornou-se símbolo de resistência.

Mulheres protestaram contra feminicídio de Tainara

A morte de Tainara Souza Santos, de 31 anos, nesta quarta-feira (24), gerou
mobilizações. Para o movimento Mulheres da Várzea, Tainara não é apenas mais uma
vítima de feminicídio: ela se tornou símbolo de resistência, identidade e luta
das mulheres periféricas que ocupam os campos e arquibancadas da várzea
paulista.

Tainara morreu após 25 dias de internação e cirurgias para amputação das pernas.
No dia 29 de novembro, ela foi atropelada e arrastada por um ex-ficante na
Marginal Tietê.

“Tainara é a mulher varziana. Mãe, filha, batalhadora, alegre, como tantas de
nós. Ela representa todas nós”, afirma Sandra Aparecida Pereira, fundadora e
presidente das Mulheres da Várzea Oficial de SP.

Segundo a liderança, a identificação com a vítima foi imediata justamente por
sua presença ativa na comunidade e no futebol de várzea.

Torcedora apaixonada do time Apache da Vila Maria, Tainara era figura conhecida
nas arquibancadas. “Ela estava sempre ali, torcendo, sorrindo, vestindo as cores
do time. A Várzea era parte da vida dela, e ela fazia parte da vida da Várzea”,
diz Sandra.

No dia 13 de dezembro, o movimento fez um protesto no local onde Tainara foi
atropelada e as torcidas e agremiações levaram faixas e bandeiras em homenagem à
vítima.

A brutalidade do crime causou comoção entre integrantes do movimento.

“Em tantos anos de militância, a gente nunca tinha visto algo tão cruel. Foi
algo que chocou até policiais experientes”, relata Sandra, ao lembrar de
conversas com agentes envolvidos no caso.

Segundo ela, a ausência de respostas rápidas do poder público reforçou a
necessidade de manter o nome de Tainara vivo.

> “A Tainara não vai ser esquecida. Ela vai continuar viva na nossa luta. Eu
> peço que os nossos governantes olhem para nós, mulheres, olhem para nossas
> periferias. Não compareçam só de 3 em 3 anos na hora de pedir voto. Porque
> ninguém aguenta mais. Isso é responsabilidade do governo, é responsabilidade
> do nosso país”, diz.

O movimento Mulheres da Várzea, criado em 2016, atua dentro das periferias,
favelas e campos de futebol amador, levantando bandeiras contra a violência de
gênero. Para 2026, a organização promete ampliar a campanha “Vista Lilás”, que
pede o fim da violência contra a mulher.

“A memória da Tainara não vai morrer. Ela virou um marco para a Várzea, para São
Paulo e para o Brasil”, afirma Sandra.

QUEM ERA TAINARA

Querida, alegre, doce e amante da dança. É assim que amigas de infância
descrevem Tainara.

Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi preso no dia seguinte e segue na
penitenciária. O caso passou a ser investigado como feminicídio.

“Ela era muito querida, uma pessoa feliz, não via ela triste. Amava dançar e
cantar, essa era a vibe dela. Eu estou acabada”, disse Edna Marinho, amiga da
vítima, à TV Globo, quando Tainara ainda estava internada.

Mãe de duas crianças — um menino de 12 anos e uma menina de 7 — Tainara trabalha
de forma autônoma e era muito conhecida na comunidade, segundo o advogado da
família, Wilson Zaska.

“Era uma batalhadora. Trabalhava de forma autônoma, era muito amada por sua
família e pelas amigas. Uma pessoa alegre, com boas amizades. O caso comoveu
toda a comunidade”, afirmou o advogado.

FEMINICÍDIO

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O crime ocorreu por volta das 6h do dia 29 de novembro depois que Tainara deixou
um bar no Parque Novo Mundo, na Zona Norte.

Ela tinha passado a madrugada em um forró no Bar do Tubarão, na Rua Tenente
Amaro Felicíssimo, com uma amiga. Ela também estava acompanhada de um rapaz. A
confusão começou quando Douglas, com ciúmes, iniciou uma discussão com eles.

Douglas entrou em um Volkswagen Golf preto e avançou com o carro contra a
vítima, que caiu e ficou presa sob o veículo. Imagens obtidas pela TV Globo e
pela polícia mostram o momento em que a vítima é arrastada pela Avenida Morvan
Dias de Figueiredo até a Rua Manguari, já na altura da Marginal Tietê.

Testemunhas tentaram impedir que ela fosse arrastada, mas o motorista fugiu em
alta velocidade.

A mãe da vítima disse que Tainara não chegou a ter um relacionamento sério com o
agressor.

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