A manchete da Folha destacou a identificação de 35% dos brasileiros com a direita em contraste com os 22% que se identificam com a esquerda, refletindo uma polarização de 74%. No entanto, a publicação omitiu o fato de que os petistas superam os bolsonaristas nessa pesquisa. A escolha da manchete favoreceu a direita, escondendo o fortalecimento do PT, de Lula e do lulismo. Enquanto os conceitos de direita e esquerda podem ser vagos para a população, as identidades partidárias são mais claras para o eleitorado. O embate real na pesquisa deveria ser entre lulistas e bolsonaristas, mas a Folha preferiu não destacar isso para não evidenciar a vantagem do campo petista. A abordagem privilegiou a narrativa da velha direita em detrimento do bolsonarismo, buscando minimizar a força do PT e de Lula como marcas políticas consolidadas. A Folha subestimou a influência do petismo e exagerou a importância de uma direita desfragmentada e em busca de lideranças para as próximas eleições.